Da redação
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Um empresário foi preso suspeito de submeter adultos e adolescentes venezuelanos a condições análogas à escravidão e aliciar mulheres para tráfico humano com fins de exploração sexual. As vítimas vinham do país vizinho com direção a Pacaraima, em Roraima, tentando fugir da crise que assola a Venezuela há meses.
De acordo com o delegado Victor Negraes, do Combate ao Crime Organizado, o empresário, que foi preso em Boa Vista-RR, abusava da fragilidade das vítimas. “Ele se aproveitava da vulnerabilidade dos venezuelanos que chegavam ao Brasil por Pacaraima e oferecia trabalhos em condições que caracterizaram essa condição análoga ao de escravo”, afirmou.
O empresário pode ter mantido até 40 trabalhadores atuando na construção civil em condições precárias. Eles viviam em barracos improvisados sem banheiro, não tinham água potável e nem energia elétrica disponível. Alguns não ganhavam um centavo sequer, enquanto outros eram remunerados com R$ 10 por dia — adolescentes recebiam R$ 5. Para piorar, o valor sofria descontos pelo fornecimento de água e energia improvisado.
Além dos trabalhadores em condição análoga à escravidão, o empresário é suspeito de coagir mulheres a irem para outros estados do país — há indícios que vítimas de ambos os grupos seriam enviados para São Paulo, Amazonas e Mato Grosso em um esquema de tráfico humano. Nos novos locais, elas seriam submetidas a exploração sexual.
“As investigações apontam que realmente houve o tráfico de pessoas para outros estados com o intuito de serem submetidos a uma condição ao trabalho que se assemelha ao de escravo e indícios de tráfico relacionado à exploração sexual”, frisou o delegado.
O caso foi descoberto após trabalhadores conseguirem escapar e denunciar o caso às autoridades em Pacaraima. Eles prestavam serviços na construção civil e eram proibidos de se ausentar do canteiro de obras.
Dois mandados de busca e apreensão e de prisão foram cumpridos desde a terça (17), em Boa Vista e em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, onde oito trabalhadores foram resgatados. O caso corre em segredo de Justiça, por isso o nome do empresário não foi divulgado.