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Brasil

Velas acesas marcam ato por mortos no Complexo do Alemão

Cerca de 500 pessoas se reuniram em uma quadra esportiva conhecida como Quadra Vivi, segundo estimativa da associação de moradores.

FolhaPress

22/07/2022 21h05

A police truck passes next to residents of the Complexo do Alemao favela carrying the corpse of a dead man during a police raid in Rio de Janeiro, Brazil, on July 21, 2022. – At least four people died this Thursday during a new police raid against organized crime in a favela in Rio de Janeiro, police and local media reported. (Photo by MAURO PIMENTEL / AFP)

Mariana Moreira
Rio de Janeiro, RJ

Com velas acesas, amigos de vítimas e representantes das associações de moradores do Complexo do Alemão fizeram um protesto na noite desta sexta-feira (22) em razão das mortes ocorridas durante operação da polícia nesta quinta-feira (21), a quinta mais letal da história do Rio de Janeiro.

Cerca de 500 pessoas se reuniram em uma quadra esportiva conhecida como Quadra Vivi, segundo estimativa da associação de moradores.

Elas acenderam velas em solidariedade às vítimas e também seguravam faixas com os dizeres “vidas negras importam”, “menos polícia, mais escolas” e “pobreza não é crime”.

Pelas ruas do complexo, também era possível ver muitos lençóis e toalhas brancas penduradas nas janelas das casas.

O evento reuniu representantes das localidades Nova Brasília, Grota, Parque Everest, Itararé, Fazendinha, Morro da Viana, do Adeus e das Palmeiras.

Marcos Válerio Alves, 54, presidente da associação de Nova Brasília, era amigo de Solange Mendes, 49, morta na manhã desta sexta-feira (22). Ele disse que a amiga morreu por descuido da polícia e pediu mais investimento em políticas públicas para evitar ações policiais.

“Eu queria entender como que pode um governo matar uma mãe de família, comerciante local? A favela não tem mais projeto social, e a polícia pacificadora é um projeto falido, não existe mais. Nós vamos cobrar o governador, porque alguém tem que dar uma resposta”, disse Alves durante o protesto.

Ivonete dos Santos, 64, já não mora mais no Alemão, mas foi visitar a filha e as nestas nesta sexta. Ela acendeu uma vela pelas vítimas e disse que não quer mais que as netas morem lá porque tem medo da violência.

“Que Deus nos abençoe, eu morei aqui a vida inteira, mas é muita morte, ninguém merece essa vida. Eu morro de medo da minha filha aqui. Vou tirar minhas netas daqui”, disse a senhora enquanto acendia velas.

Após o ato na quadra, os manifestantes e motoqueiros desceram e fizeram uma passeata pela avenida Itararé, em Bonsucesso.

Houve pedidos de paz, um minuto de silêncio pelas vítimas e os motociclistas acompanharam o trajeto com buzinaços.

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