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Brasil

Usuários de transporte por aplicativo reclamam de demora por atendimento

Segundo motoristas, alto preço dos combustíveis faz com que profissionais tenham que “racionar” corridas mais benéficas para os seus bolsos

Redação Jornal de Brasília

16/10/2021 15h02

Foto: Agência Brasil

Por Gabriel de Sousa
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Desde o reajuste dos preços dos combustíveis no dia 9 de outubro, onde o preço médio do litro do combustível subiu de R$ 2,78 para R$ 2,98 nas refinarias, o cotidiano de usuários e motoristas de aplicativos de transportes na capital federal foi reformulado. Os motoristas que antes lucravam mais de R$ 200 reais por dia, trabalham mais do que o habitual para sair com algum dinheiro a mais no fim do expediente, enquanto isso, usuários que necessitam dos apps para se locomover, chegam a esperar por horas por um carro que possa atendê-los.

De acordo com o motorista Wellington Moreira, que há 4 anos fornece serviços para a empresa de transportes de serviços Uber, para conseguir trabalhar, ele precisa colocar R$ 150 reais diários em postos de gasolina da capital, e precisa trabalhar das seis horas da tarde até às seis da manhã para conseguir obter um faturamento que ajude a sustentar a sua casa na Ceilândia, onde vive com a mulher, que está desempregada, e seus quatro filhos. ““Se o cara trabalha só duas horas por dia, o lucro dele nem paga a gasolina que ele gasta correndo pra lá e pra cá”, afirma.

Segundo Wellington, são justas as ocasiões em que os motoristas de aplicativo aceitam a viagem de um consumidor, mas logo depois cancelam a corrida. “Tem vezes que a empresa não nos indica onde é o destino, aí depois quando você vai ver, é um trajeto da Ceilândia para Sobradinho por R$ 40. Só a gasolina dali para cá, é uns R$ 70. Ninguém olha por esse nosso lado”, observa o profissional.

Porém, algumas reclamações vindas de usuários que necessitam do aplicativo para se locomover, alegam que até mesmo em trajetos curtos pela cidade em que moram, a rotina é de esperar mais tempo segurando o celular do que na viagem dentro do veículo. Moradora do bairro do Setor Tradicional em Planaltina, Ana de Sousa, uma vendedora de cosméticos de 31 anos, vai semanalmente até a chácara do pai, localizada no bairro do Arapoangas, localizado também dentro da cidade. O local é de difícil acesso por ônibus, e por isso, o transporte pelo Uber é visto por Ana como a melhor opção de viagem.

A vendedora diz que desde junho deste ano para cá, são raras as vezes que consegue um motorista antes de cinco tentativas. Às vezes, não consegue um veículo para que possa levá-la ao terreno do pai. Segundo ela, alguns mandam mensagens no chat do aplicativo dizendo: “A sua viagem é bem ali, gaste a gasolina do governo [referência aos transportes coletivos] e não do meu carro”.

Morador do Gama, Anderson da Silva, que também presta serviços para a Uber, é outro profissional que afirma que ultimamente, prefere não realizar viagens longas com o seu carro, já que o preço que recebe do aplicativo não compensa para o seu bolso, devido aos gastos com a gasolina. Ao mesmo tempo, ele diz que as viagens mais curtas também não colaboraram com os seus ganhos, tendo em vista que às vezes, o preço final da viagem chega a ser menor que o equivalente aos gastos com o combustível. Perguntado sobre como será a sua nova rotina com o novo aumento dos preços, o motorista reflete: “Tem que fazer pra sobreviver, não tem jeito.”

Segundo o motorista, a Uber não realiza um reajuste de tarifas junto com o aumento do preço dos combustíveis, tornando os ganhos diários cada vez mais diminutos. “A última vez que mudaram os preços para compensar o aumento da gasolina foi no mês passado, depois de muito tempo. Mas agora, a gasolina aumenta mais a cada semana, e com os novos ajustes, a gente vai sair prejudicado”, observa.

Em meio às queixas de demoras e cancelamentos, a Uber lançou nesta última quinta-feira (14), o “Uber Prioridade”, uma nova modalidade de corridas, que irá cobrar mais do usuário em troca de ter um motorista disponível mais rapidamente. Apesar disso, segundo a empresa, os parceiros ainda possuem a liberdade de decidir se aceitarão ou não as viagens.

A nova modalidade está sendo utilizada em testes feitos com usuários e parceiros de Belém, no Pará, Campinas em São Paulo e Curitiba no Paraná, não tendo previsão de início de suas atividades no Distrito Federal. Em Ceilândia, o motorista Wellington Moreira afirma que o novo recurso não irá trazer lucros para os funcionários, que dependem dos altos preços dos combustíveis para poder trabalhar. “Um real ou dois a mais, não vai fazer com que a gente tenha que correr muito para abastecer pouco. A única coisa que irá melhorar é que a empresa não vai ter tanto usuário no pé, reclamando”, afirma.

Uma solicitação de contato com a Uber foi feita pela equipe de reportagem do Jornal de Brasília, porém, até o momento, não houve uma resposta por parte da empresa.

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