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Brasil

Último voo da primeira fase de resgate de brasileiros em Israel pousa no Rio

O desembarque aconteceu no Galeão. O conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas já deixou mais de 5 000 mortos

Redação Jornal de Brasília

19/10/2023 6h00

A Operação Voltando em Paz do Governo Federal, realiza o sétimo voo de repatriação de 219 brasileiros partindo de Israel, com a aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da FAB. Foto: Gov BR/FAB

CAMILA ZARUR
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

Lágrimas de alívio, alegria e tristeza marcaram a chegada dos brasileiros no último voo da primeira fase de resgate em Israel. A aeronave, com 219 repatriados vindos do país do Oriente Médio, em guerra há uma semana, pousou no Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (19).

O desembarque aconteceu no Aeroporto Internacional do Galeão, na zona norte da cidade. O conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas já deixou ao menos 1.400 mortos do lado israelense e 4.000 do lado palestino.

Além dos 219 passageiros, a bordo da aeronave estavam também estavam 11 animais de estimação. Com essa chegada, o Brasil já repatriou 1.135 brasileiros e 35 pets. Esse é o último desembarque da primeira fase da operação de resgate dos repatriados de Israel, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

O avião decolou de Tel Aviv, em Israel, às 18h40 do horário local (12h40 do Brasil), com duas horas de atraso. A decolagem estava prevista para às 16h30. A aeronave, do modelo KC-30, da FAB (Força Aérea Brasileira), pousou no Rio por volta das 3h do fuso brasileiro.

Procurado, o Itamaraty não respondeu sobre o motivo do atraso. Parentes dos passageiros que estavam vindo disseram que o espaço aéreo de Israel ficou fechado por conta da viagem do presidente americano Joe Biden ao país, o que causou o atraso.

Os brasileiros repatriados se emocionaram ao sair pela porta do desembarque internacional do aeroporto e avistarem seus familiares. A comerciante Tânia Hauben Salem, que mora no Rio, foi recepcionada pelo marido. Mas lamentou ter deixado em Israel a filha e os três netos, que moram lá.

“Meu coração está dividido, mas como não tinha mais voo, eu fui obrigada a voltar”, conta Salem, que tinha ido para Israel para o aniversário de 3 anos de um dos netos. “Quando me ofereceram a vaga para cá, eu falei logo não. Meu marido me apoiou, meu filho. Falaram que minha filha precisava de mim, mas como eu ia voltar? Todos os voos cancelados, sem previsão”.

De acordo com a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, cerca de 150 brasileiros continuam no país e têm interesse na repatriação.

O Itamaraty informou que, como a aeronave da FAB tem capacidade de transportar até 200 passageiros, o Brasil pretende ajudar na repatriação de cidadãos dos países vizinhos, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. A pasta, no entanto, ainda não deu uma data para essa nova fase da operação de resgate.

Ainda de acordo com o governo federal, a FAB forneceu quatro aeronaves, inclusive o avião presidencial, para as ações de resgate de brasileiros do país do Oriente Médio.

O oficial da Força Aérea Brasileira e neurologista Sergio Amar, que mora em Israel há 7 anos, comemorou ter sido trazido de volta ao Brasil pela própria corporação. O médico, no entanto, lamentou que seus amigos do país israelense tenham continuado no território.

“Foi um espetáculo [a viagem], mas é triste pensar que deixou lá as pessoas que você tem amor e carinho”, disse Amar. Ele completou: “Guerra é uma coisa, uniforme contra uniforme, aí é guerra. Mas esses terroristas não têm um estado para dizer ‘estamos em guerra com Israel’. Não, [isso] é uma coisa muito ruim”.

O transporte dos brasileiros em Israel também está sendo organizado pela diplomacia brasileira. Há ônibus saindo das principais cidades israelenses para o aeroporto de Tel Aviv. Os desembarques no Brasil já foram feitos no Rio, Brasília, São Paulo e Recife.

O publicitário Felipe Grini, 30, estava em Haifa, no norte de Israel, há apenas 6 meses. Apesar da guerra, ele não descarta voltar ao país quando a guerra terminar.

“Considero que eu realizei o meu sonho. Talvez eu ainda volte para Israel no futuro. É uma possibilidade, porque é um país que eu amo. Mas eu também falo de boca cheia que amo muito o nosso país”, disse Grini

Já o avião presidencial foi designado para buscar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. O território palestino tem sido, desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, alvo de bombardeio pelas forças israelenses.

Mais cedo, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que ainda não há previsão para ser feito o resgate dos brasileiros em Gaza. O grupo de 32 pessoas, sendo 17 crianças, aguardam a abertura da fronteira do território palestino com o Egito, de onde serão resgatados.

A abertura, porém, depende da negociação entre os países envolvidos e de uma pausa nos bombardeios da região, segundo a pasta de Relações Exteriores. Nesta quarta, os Estados Unidos vetaram a proposta do Brasil no Conselho de Segurança da ONU que pedia uma trégua de ambos os lados da guerra para a evacuação de estrangeiros e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Também nesta quarta, o avião presidencial também decolou para o Egito, de onde aguardará o resgate dos brasileiros em Gaza. A aeronave estava em Roma, na Itália, desde sexta-feira (13), de onde espera a orientação para seguir para o país árabe.

O grupo em Gaza está na cidade de Rafah, em um imóvel alugado pelo Itamaraty. A chancelaria brasileira afirmou ter informado a Israel a localização para evitar que o local seja alvo de alguma ofensiva.

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