Menu
Brasil

Secretário da Infraestrutura é cotado para ser número 2 no Ministério da Saúde

Fontes do governo dizem que a escolha representa uma tentativa de colocar um nome com experiência em gestão pública e logística internacional na pasta

Redação Jornal de Brasília

24/03/2021 17h42

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

NATÁLIA CANCIAN E JULIO WIZIACK
BRASÍLIA, DF

O secretário-executivo adjunto do Ministério da Infraestrutura, Rodrigo Otávio Moreira da Cruz, é o mais cotado para ser o número 2 do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A mudança deve iniciar um processo de substituição de militares que ocupavam postos-chave da pasta nos últimos meses.

Queiroga já tem nomes para a secretária-executiva e para a secretaria responsável pela gestão de recursos e diretrizes para a área hospitalar, uma das principais linhas de atendimento a pacientes com Covid-19.

Atualmente, Cruz, 39, é nome de confiança do ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). A indicação foi do próprio ministro, que já havia recomendado seu auxiliar para a equipe de transição da Saúde depois da saída do general

Eduardo Pazuello –que, apesar de ser especialista em logística, cometeu erros que afetaram a distribuição de insumos a hospitais, principalmente oxigênio.

Cruz ficou conhecido no governo por ter coordenado a operação para trazer 960 toneladas de máscaras, testes e insumos da China no início da pandemia, em 44 voos realizados a partir de abril do ano passado.

Desde então, tornou-se referência na Infraestrutura na interlocução com entidades civis e o setor privado na busca de soluções logísticas para importação de insumos relacionados ao combate da pandemia.

Fontes do governo dizem que a escolha representa uma tentativa de colocar um nome com experiência em gestão pública e logística internacional na pasta. A escolha também representa uma aposta para tentar destravar a vinda de vacinas e insumos para laboratórios nacionais.

Engenheiro civil e ambiental pela UnB (Universidade de Brasília, 2005), Cruz também tem graduação em direito pelo Uniceub (Centro Universitário de Brasília, 2007) e mestrado e doutorado em engenharia de transportes da UnB.

A possibilidade de escolha de Cruz ao cargo foi apontada por membros da Saúde e Infraestrutura. Para ser confirmado no cargo, no entanto, Cruz ainda precisa ter o nome publicado no Diário Oficial da União. Nesta quarta (24), um dia após Queiroga ter sido nomeado, Cruz já estava no ministério, como parte da equipe de transição.

A reportagem apurou que o ministro avalia chamar o médico ortopedista Sérgio Yoshimasa Okane para ocupar a secretaria de atenção especializada em saúde, área que cuida da gestão dos atendimentos na chamada média e alta complexidade em saúde, como diretrizes para a área hospitalar.

Atualmente, militares ocupam tanto a secretaria-executiva (coronel da reserva Élcio Franco) quanto a secretaria de atenção especializada do Ministério da Saúde (coronel Franco Duarte). Ambos foram chamados para postos estratégicos na gestão do general Eduardo Pazuello na Saúde.

Antes de assumir o ministério, Queiroga já havia sinalizado que faria mudanças na equipe.

Queiroga é o quarto ministro da Saúde em dois anos de governo. Ele substituiu o general Pazuello, que chegou ao Ministério da Saúde em abril de 2020, após demissão de Luiz Henrique Mandetta (DEM) da pasta.

Mandetta discordava publicamente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a necessidade de medidas de distanciamento social para conter o avanço da pandemia. Sua expôs os conflitos entre o presidente Bolsonaro e a ala ideológica do governo no combate à pandemia e a área técnica do ministério.

Ao escolher o médico Nelson Teich para ficar no lugar de Mandetta, Bolsonaro colocou Pazuello, que não tinha experiência em gestão de saúde, como secretário-executivo do ministério, sob a justificativa de “coordenar a transição” entre os dois ministros.

Na prática, porém, Pazuello se tornou uma espécie de representante do presidente dentro da pasta para evitar que Bolsonaro fosse desautorizado novamente por um subordinado. À época, o general foi incensado como um “especialista em logística”, representante da “expertise” dos militares em lidar com situações de crise.

Menos de um mês depois, quando Teich pediu demissão, em 15 de maio, o general assumiu o posto titular –a princípio, provisoriamente, e, em setembro, efetivado.

Sob sua gestão, o país teve um aumento considerável do número de casos e de mortes evidenciando uma falta de controle da pandemia. Hoje, o Brasil preocupa os demais países não somente pelo aumento da curva de mortes, como pelo volume de infectados com a nova cepa do vírus.

As informações são da FolhaPress

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado