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Brasil

Seca expõe ponte antiga e gera perdas no PR

Em épocas normais, somente a parte da estrutura do lado mais alto da ponte podia ser vista, e em épocas de cheia a ponte desaparecia

Redação Jornal de Brasília

08/12/2020 9h18

Rubens Cardia e Nicola Pamplona
Primeiro de Maio, PR e Rio de Janeiro, RJ

A barragem da usina hidrelétrica de Capivara, no Paraná, tem atraído a atenção dos moradores da região. Junto à “ponte Caída”, divisa dos municípios de Sertaneja e Sertanópolis, o braço do rio Tibagi, que alimenta a usina, secou tanto que a ponte da antiga estrada, que tinha sido encoberta pelas águas da represa de Capivara, está completamente aparente.

Em épocas normais, somente a parte da estrutura do lado mais alto da ponte podia ser vista, e em épocas de cheia a ponte desaparecia completamente. Não só a ponte está à mostra mas também dezenas de árvores mortas que ficavam submersas.

No local as águas recuaram mais de cem metros em cada margem, transformando o leito da represa em pasto ou deixando o lodo rachado com fendas de mais de 20 centímetros de profundidade.

A situação do Tibagi, que é parte da bacia do rio Paranapanema, ilustra bem a gravidade da crise hídrica que se abateu sobre as principais bacias produtoras de energia do país em 2020, que vem obrigando o governo a acionar térmicas mais caras para poupar água nos reservatórios.

Considerado a principal caixa-d’água do setor elétrico brasileiro, o subsistema energético que envolve as regiões Sudeste e Centro-Oeste está hoje com pouco mais de 16% de sua capacidade de armazenar energia em hidrelétricas.

Um dos rios mais importantes de São Paulo, que faz a divisa do estado com o Paraná, o Paranapanema recebeu volume de chuvas equivalente à média histórica apenas em um mês neste ano. Nos outros, os volumes ficaram bem abaixo.

“Vem um chuvisqueiro que serve só para manter a agricultura”, lamenta Nicolas Carmona Carmona Nebreira, 68, proprietário de um pesqueiro na região que diz que a situação se repete pelos últimos cinco anos.

Nebreira lembra que outras atividades econômicas, como pesca e turismo, também são afetadas pela crise.

“[O município paranaense] Primeiro de Maio é uma região turística do Paraná que depende das águas da represa”, diz. “E, com o nível baixo, o turismo é prejudicado e a cidade toda sofre. Tive uma retração de uns 60% em meu negócio.”

Seu vizinho teve que interromper a atividade de aquicultura, pois não há oxigênio suficiente na água para a criação de peixes em tanques rede.

Os rios Tibagi e Paranapanema têm dez hidrelétricas, três com reservatório para armazenar água. A situação é ruim em todas: Chavantes está com 21,94% de sua capacidade, Jurumirim tem 14,89%, e a maior delas, Capivara, tem 5,59%.

Flávio Santiago, 38, costuma frequentar a represa de Capivara para pescar e afirma que nunca tinha visto o nível das águas tão baixo. “Com o nível normal, as águas ficam a poucos metros da ponte, mas agora, para chegar à beirada, tem esse barranco todo”, aponta.

Marcas escuras nas pilastras de sustentação da ponte indicam que a água já chegou a bater uns nove metros do nível atual. O baixo nível da represa de Capivara impede a saída de barcos a motor, diz o construtor autônomo Odair Valdivino, 54, pelos riscos de que as hélices batam no fundo do rio ou em barcos.

Valdivino diz que hoje, em muitos lugares, só é possível chegar de caiaque. Ele usa a ponte da antiga estrada como exemplo do ineditismo da situação.

“Em época de cheia não dá para ver nada”, afirma. “Agora ela está toda fora d’água.”

As informações são da FolhaPress

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