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Brasil

Produção e vendas de químicos no 1º quadrimestre vai a nível mais baixo em 17 anos, diz Abiquim

Já o volume de importações, dos mesmos produtos, subiu 10,1%, passando a ocupar uma fatia maior do mercado doméstico, de 42%

Redação Jornal de Brasília

30/06/2023 18h15

produtos quimicos

Foto: Reprodução

A demanda por produtos químicos de uso industrial encolheu no primeiro quadrimestre de 2023. Com relação aos quatro primeiros meses do ano anterior, o consumo aparente nacional – CAN (produção + importação – exportação) retraiu 2,4%, o índice de produção IGQ-P-Abiquim-FIPE caiu 13,13%, e o de vendas internas IGQ-VI-Abiquim-FIPE, recuou 8,85%. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

A entidade ressalta que os índices de produção e de vendas internas são os mais baixos desde o início da série histórica, iniciada há 17 anos, tendo sido pior, inclusive, em relação ao resultado de 2009, auge da crise financeira internacional.

Já o volume de importações, dos mesmos produtos, subiu 10,1%, passando a ocupar uma fatia maior do mercado doméstico, de 42%, contra 37% nos primeiros quatro meses de 2022.

Em linhas gerais, se houvesse competitividade e disponibilidade de gás natural no País, essas importações poderiam ser evitadas ou minimizadas, avalia a Abiquim. Dentro deste contexto, considera-se ainda o efeito da retirada do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) e a redução das alíquotas do imposto de importação de algumas resinas termoplásticas, a partir de agosto de 2022.

Como resultado, o nível de utilização da capacidade instalada recuou oito pontos porcentuais na média dos primeiros quatro meses de 2023, ante igual período do ano passado, ficando em 67% “Vale destacar também a elevação de importações de produtos químicos (diretas e indiretas, contidas em produtos de diversas cadeias) provenientes de países asiáticos e que ganharam competitividade internacional por conta de terem se tornado destino de exportações de óleo e de gás natural russos, com o recuo da demanda europeia, como a Índia e a China”, acrescenta a associação, em nota.

“Muitas novas capacidades entraram no mercado americano e chinês nos últimos meses, contribuindo para um desbalanceamento momentâneo entre a oferta e a procura por produtos químicos justamente em um cenário adverso da economia nacional e internacional, como o aumento das incertezas, sobretudo advindas do setor financeiro, pressão sobre a inflação nos EUA e na Europa, efeitos da guerra na Ucrânia versus impacto sobre custos da energia, COVID-19 e desvalorização do Euro e do Dólar”, completa a entidade.

Preços

No acumulado do primeiro quadrimestre de 2023, os preços dos produtos químicos medido pelo IGP Abiquim-FIPE registraram alta de 0,46%. A nafta petroquímica, principal matéria-prima utilizada atualmente no Brasil, teve alta de 14,2% em dólares no mercado internacional (valor de abril de 2023 em relação ao de dezembro de 2022), enquanto a variação do real em relação ao dólar se apreciou em 4,2%.

O cenário dos últimos 12 meses, por sua vez, vem sendo afetado pelos dados mais recentes, em especial dos quatro primeiros meses do ano, apresentando declínio na maioria das variáveis. Neste período, encerrado em abril de 2023, o déficit na balança comercial de químicos alcançou o valor de US$ 61,2 bilhões (redução de US$ 1,8 bilhão frente ao recorde de US$ 63 bilhões obtido em 2022, sobretudo em razão do recuo de preços no mercado internacional).

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, um dos principais elementos de custos do setor químico, que afeta a produção e impede o avanço de investimentos, está relacionado ao custo das matérias-primas básicas.

“Neste momento internacional delicado, cabe uma reflexão sobre o risco da dependência e a vulnerabilidade em cadeias estratégicas e relacionadas à segurança alimentar e de saúde”, ela diz.

“Apesar do cenário ruim dos últimos anos, uma oportunidade de transformar esse cenário está refletida no programa Gás para Empregar, anunciado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que pode tornar o Brasil mais competitivo, atraindo investimentos que estão, há tempos, represados, ajudando na reindustrialização do País, na criação de novos empregos e de receitas tributárias. Garantia de energia e matéria-prima são os principais fatores para atração de investimento na química e o Brasil pode oferecer essas possibilidades”, ressalta.

Estadão conteúdo

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