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Brasil

ONG alerta mulheres sobre autocuidado na pandemia

A representante da entidade afirma que não se deve colocar a responsabilidade do diagnóstico sobre a mulher, pois muitas vezes há um desconhecimento sobre como realizar o autocuidado das mamas

Redação Jornal de Brasília

06/04/2021 10h28

Fotos: divulgação

Com o objetivo de prevenir o câncer de mama entre mulheres e aumentar a frequência de exames de rotina no ginecologista, a ONG Recomeçar alerta o público feminino sobre a importância de diagnósticos precoces e o autocuidado.

A organização é voltada para a prevenção do câncer de mama entre mulheres e também com projeto Doação de Autoestima, com doação de próteses externa pós mastectomia para resgatar a autoestima das mulheres que foram submetidas à mutilação da mama em virtude de tratamento contra o câncer.

O autocuidado, novo termo para ‘autoexame’, deve ser feito sete dias após o término do ciclo, e para as que já estão na menopausa uma vez por mês.

Entre os impactos causados pela pandemia da covid-19, mulheres diminuíram a frequência de exames de rotina no ginecologista. A responsável pela ONG Recomeçar, Joana Jeker, alerta para o fato que o diagnóstico precoce é um dos principais pilares quando se fala de câncer de mama, tendo em vista que, quando descoberto ainda no estágio inicial, as chances de cura são maiores e o tratamento pode se tornar mais simples.

A representante da entidade afirma que não se deve colocar a responsabilidade do diagnóstico sobre a mulher, pois muitas vezes há um desconhecimento sobre como realizar o autocuidado das mamas. Joana também destaca as diferenças entre os termos “autoexame” e “autocuidado’’: hoje, o segundo termo é considerado o mais adequado, já que a maioria das mulheres não é qualificada para detectar com precisão qualquer tipo de sinal da doença, não podendo realmente se auto examinar

Assim, para mulheres que ainda menstruam, recomenda-se fazer o autocuidado 7 dias após o término do ciclo, e para aquelas que já estão na menopausa ou não menstruam por outro motivo, que realize uma vez por mês.

Dessa forma, ainda que a mulher toque o seu corpo e se atente sobre possíveis sinais da doença, é essencial fazer consultas anuais com médicos especializados, para que o diagnóstico seja dado com exatidão.

Um aviso

Joana descobriu o câncer de mama aos 30 anos de idade. Na época, morava na Austrália, e já fazia o autoexame devido aos antecedentes familiares. “Quando eu senti esse nódulo, foi como um aviso de Deus, de que aquele nódulo era maligno e eu tinha que me cuidar”.

Lá mesmo ela procurou um sistema de saúde em busca de um diagnóstico. No mesmo dia, ela passou pelo exame clínico, mamografia e a biópsia guiada. De volta ao Brasil, Joana experimentou o tratamento dado a pacientes com câncer de mama no SUS. Foi em 2011 que fundou a Recomeçar.

Busca da cura

A instituição Recomeçar surgiu com o objetivo de conscientizar a sociedade acerca da importância dos cuidados com as pacientes diagnosticadas com câncer da mama, enfatizando a necessidade da garantia do direito à reconstrução mamária como instrumento de cura.

Joana teve sua cirurgia de reconstrução de mama interrompida por falta de condições do hospital público, quando faltava apenas a aréola e o bico do seio. Ela relata que perguntou ao médico o que fazer para concluir sua cirurgia: “Eu falei para ele que queria concluir a reconstrução da minha mama, e ele disse: Joana vai atrás dos seus direitos. E foi o que eu fiz”.

Desde então, fez da sua luta motivação para garantir o direito de outras mulheres. Dentre muitas conquistas as Leis Distritais: 6.317/2019 e 6.389/2019 e Leis Federais: 13.685/2018 e 13.896/2019. “A gente pressiona mesmo, pega no calo e consegue melhorias. Se não for assim, coitado dos pacientes, vão ficar a deus dará”.

Além disso, a instituição desenvolve um trabalho de reabilitação emocional, diretamente voltada à mulher mastectomizada, orientação e acompanhamento da paciente na fila de espera para reconstrução de mama pelo Sistema Único de Saúde – SUS.

Em 2014, a Recomeçar conseguiu uma sala no HRAN – Hospital Regional da Asa Norte, que é responsável por cerca de 90% das cirurgias de reconstrução da mama pelo SUS em Brasília/DF. O mesmo hospital que, quatro anos antes, foi palco de uma manifestação organizada por Joana, diante do descaso com as pacientes mutiladas.

É lá que acontecem os atendimentos. Atualmente, a sala está fechada devido à pandemia do novo coronavírus, mas os atendimentos continuam. A fundadora da Recomeçar conta que o atendimento é feito sob agendamento, fora do hospital. Ela chega a emprestar o carro para que as mulheres experimentem as próteses externas e sutiãs doados pela entidade para que o atendimento não deixe de acontecer.

Para contribuir com a Recomeçar, é possível a realização de doações bancárias. A ONG possui uma conta institucional no Banco do Brasil e também promove um bazar (de roupas, calçados, bijuterias e brinquedos) que no momento está parado por causa da pandemia. O planejamento é que ele reabra ainda esse ano para que as vendas e doações continuem.

Saiba mais: número de casos cresceu durante pandemia

Em 2020, o número de casos de câncer de mama aumentou em cerca de 11,1% em comparação com o ano anterior. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), no último ano foram registrados 66.280 casos, e em 2019, o número chegou a 59.700. Especialistas apontam que o aumento ocorreu devido à pandemia, já que as pessoas pararam de realizar os exames de rotina pelo medo de sair de casa e se infectar com o novo vírus.

No Brasil, o câncer de mama é o mais comum entre mulheres, representando 30% dos casos totais de câncer diagnosticados. De acordo com pesquisa realizada pela SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), entre março e abril, houve uma queda de aproximadamente 75% no número de atendimentos em hospitais públicos de pacientes em tratamento para câncer de mama. O número de mamografias realizadas pelo SUS também diminuiu cerca de 45% entre janeiro e julho de 2020, porém as unidades de saúde mantiveram o atendimento e a oferta de tratamento às pacientes.

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