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Brasil

Não, vespa gigante não foi encontrada na Zona Oeste do Rio

Os insetos são popularmente chamados de “vespas asiáticas”, por sua origem nas regiões temperadas da Ásia, ou “vespas assassinas”, por seu comportamento agressivo

Redação Jornal de Brasília

29/05/2020 14h31

Voltou a circular no Facebook o boato de que vespas asiáticas, conhecidas popularmente como “vespas assassinas”, teriam chegado ao Brasil. Um vídeo com 162 mil visualizações afirma que no dia 16 de maio a espécie foi encontrada em Senador Camará, bairro na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Especialistas consultados pelo Estadão Verifica explicam que, na verdade, o inseto mostrado nas imagens é uma abelha solitária do gênero Xylocopa.

Na última semana, o Estadão Verifica mostrou que não há registros desta espécie no Brasil, cujo nome científico é Vespa Mandarinia. Os insetos são popularmente chamados de “vespas asiáticas”, por sua origem nas regiões temperadas da Ásia, ou “vespas assassinas”, por seu comportamento agressivo ao se alimentar. São as maiores vespas do mundo e podem chegar a 5 cm de comprimento.

O biólogo Bruno Corrêa Barbosa, da Universidade Federal de Juiz de Fora, esclareceu que o inseto do vídeo que viralizou no Facebook é um macho de abelha solitária. Essa abelha costuma medir entre 10 e 20 mm. O gênero Xylocopa possui mais de 730 espécies e cerca de 50 delas ocorrem no Brasil, distribuídas por todo o território. São abelhas bem comuns, conhecidas popularmente como mamangava, abelhão ou besourão.

A mestre em Comportamento e Biologia Animal da Universidade Federal de Juiz de Fora Tatiane Tagliatti explica que a espécie mostrada nas imagens é mansa, mas as fêmeas podem ferroar caso se sintam ameaçadas. Os machos são inofensivos, pois não possuem ferrão. Segundo Tagliatti, por serem abelhas nativas de clima tropical, nossa convivência com esses insetos é natural.

A especialista reforça que a ferroada só é perigosa caso a pessoa atingida tenha alergia ao veneno. “Por conta do tamanho, algumas pessoas podem ficar assustadas ao ver uma abelha dessa de perto”, explica ela. “A recomendação é que a pessoa não tente capturar o inseto e muito menos matar. Se afaste e deixe a abelha seguir seu caminho”.

Tagliatti lembrou ainda que a diminuição da população de abelhas tem sido um problema. “Caso as pessoas que morem perto de alguma região arborizada tenham interesse, elas podem contribuir beneficamente deixando pedaços de bambus ou madeira com furos de tamanho adequado para que essas abelhas construam seus ninhos”, disse.

O biólogo Bruno Barbosa ressalta que as abelhas mostradas no vídeo são importantes polinizadores de diversos tipos de plantas. “Essas abelhas desempenham seu papel ecológico tão bem que são usadas comercialmente em alguns países para polinizar flores de maracujá”.

Em nota enviada para o Estadão Verifica no dia 18 de maio, o Ibama informou que não foram emitidas licenças de importação para a Vespa Mandarina desde o início dos registros no Sistema de Emissão de Licenças para a importação ou exportação de flora e fauna (Siscites), em 01/01/2007. O órgão comunicou ainda que a importação de invertebrados é proibida no Brasil desde 1998, de acordo com a Portaria Ibama nº 93.

Estadão Conteúdo

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