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Brasil

Motoristas de ônibus fazem greve no Rio por melhores condições da frota

A ação ocorre após a empresa avisar aos motoristas que não tem recursos para pagar a segunda parcela do salário de janeiro, que seria repassada em 5 de fevereiro

Redação Jornal de Brasília

01/02/2021 15h26

Data da foto: 2005 Cadeiras e bancos diversos.

Cristina Camargo e Diego Garcia

O BRT Rio, sistema rápido por ônibus do Rio de Janeiro, interrompeu as atividades na manhã desta segunda-feira (1º) após paralisação promovida por alguns motoristas. Os serviços foram interrompidos nos três corredores (Transoeste, Transcarioca e Transolímpica).

“O movimento acarretou irregularidades nos intervalos, inviabilizando a operação”, informou a BRTRio.

A ação ocorre após a empresa avisar aos motoristas que não tem recursos para pagar a segunda parcela do salário de janeiro, que seria repassada em 5 de fevereiro. A compra de insumos como combustível também foi afetada.

De acordo com o BRT Rio, a pandemia desestruturou por completo o fluxo de caixa da empresa, e o valor arrecadado com passagens não tem sido suficiente para arcar com salários, insumos e impostos.

Segundo dados do consórcio, o BRT Rio teve queda de até 75% no número de passageiros nos primeiros meses de pandemia. No início de 2021, a diminuição está em 45% na comparação com o mesmo período do ano passado.

No total, a perda de receita desde que a Covid-19 chegou ao país é de R$ 200 milhões.

O prejuízo fez a empresa fechar acordo com o Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro para adotar, em fevereiro e março, rodízio entre seus colaboradores, com dispensa de dez dias e redução salarial equivalente.

A Guarda Municipal colocou em prática, durante a madrugada, um plano de contingência. Cento e dois agentes, 17 carros e nove motos estão em dez estações do BRTRio.

No sábado (30), o prefeito Eduardo Paes (DEM) anunciou que a prefeitura colocou para funcionar todos os GPS de ônibus e BRTs da cidade para acompanhar on-line a operação da frota.

“Esse acompanhamento nos dias úteis de janeiro aponta para uma queda contínua da quantidade de ônibus operando”, disse. “Os dados sugerem que há viabilidade de oferecer melhores condições de serviços mesmo na condição atual de baixa quantidade de frota disponível.”

Segundo ele, a empresa que opera o BRTRio alega quebra de veículos e incapacidade financeira de fazer manutenção da frota.

“Não quero imaginar que haja uma espécie de operação tartaruga com o objetivo de criar dificuldades para o atendimento à população e pressionar o poder público. Estamos atentos”, afirmou o prefeito no final de semana.

No início da manhã desta segunda, Paes fez um apelo para que os motoristas retornem ao trabalho.

“Sabemos que o sistema passa por um momento difícil, mas estamos trabalhando firme para reequilibrar a situação”, disse. “São anos de abandono e queremos olhar para frente, encontrando soluções”.?

O movimento de paralisação fez a cidade decretar estágio de atenção por volta de 6h30 desta segunda, anunciou o Centro de Operações da Prefeitura.

O estágio de atenção é o terceiro nível em uma escala de cinco e significa que uma ou mais ocorrências já impactam o município, afetando a rotina de parte da população.

O setor de transportes foi um dos mais afetados pelo distanciamento social promovido pela pandemia, a fim de conter a propagação da Covid-19.

No estado do Rio, alguns segmentos de transporte público chegaram a operar com apenas 11% do contingente habitual. Só o setor de ônibus estima perdas de receitas de R$ 2,6 bilhões, com prejuízo de R$ 1,2 bilhão, segundo dados da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro).

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início do ano, Armando Guerra Júnior, presidente da Fetranspor, afirmou que é preciso rever itens como tributação e benefícios. “Não dá mais para o passageiro no Rio pagar a conta integralmente”, diz. “Precisamos rever tributações no transporte individual, desoneração fiscal e as gratuidades”.

Já um levantamento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou que trabalhadores que atuam em empresas do ramo de serviços em transportes viram colegas perder o emprego em quase a metade das companhias em 2020.

O estudo mostra que 45,9% das empresas do ramo de transportes rodoviários fecharam vagas em 2020. Além disso, praticamente 20 de cada 100 delas preveem novos cortes até junho deste ano.

As informações são da Folhapress

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