O ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega foi morto na manhã deste domingo (9), durante uma troca de tiros com policiais de Batalhão de Operações Especiais da Bahia e com apoio do setor de inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Adriano era acusado de ser o chefe de um grupo criminoso formado por matadores de aluguel, que ficou conhecido como Escritório do Crime. Ele era investigado por suspeita de envolvimento nas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, além de ser réu na Operação Intocáveis do Ministério Público do Rio (MP-RJ), que apura a milícia de Rio das Pedras.
O currículo do ex-capitão é extenso. Inclui três prisões e solturas, uma expulsão da Polícia Militar e duas homenagens do agora senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro.
A primeira prisão preventiva ocorreu em janeiro de 2004, pelo homicídio do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, 24. O então policial chegou a ser condenado no Tribunal do Júri em outubro de 2005, mas conseguiu recurso para ter um novo julgamento, foi solto em 2006 e absolvido no ano seguinte.
Enquanto ele ainda estava preso, em junho de 2005, Flávio Bolsonaro o considerou merecedor da a Medalha Tiradentes, mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Uma das razões foi o êxito ao prender 12 “marginais” no morro da Coroa, no centro, além de apreender diversos armamentos e 90 trouxinhas de maconha.
O então deputado estadual também já havia homenageado o policial dois anos antes, quando apresentou moção de louvor em seu favor. Segundo o senador eleito, Adriano desenvolvia sua função com “dedicação, brilhantismo e galhardia”. Jair Bolsonaro foi outro que o defendeu em discurso na Câmara dos Deputados em 2005.
Adriano também trabalhou no 18º Batalhão da PM com Fabrício Queiroz, o ex-assessor de gabinete de Flávio Bolsonaro, investigado por lavagem de dinheiro no esquema de “rachadinha” na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). A mãe e a filha de Nóbrega trabalhavam no gabinete do filho do presidente e teriam sido contratadas por Queiroz. Segundo o Ministério Público, o milicano ficava com parte do pagamento delas.
O tiroteio
O ex-policial militar foi localizado numa área rural do estado da Bahia, no município de Esplanada. No início deste mês, a Policia Civil fez uma operação na Costa do Sauípe para prendê-lo, mas não o encontrou. Na ocasião, Adriano deixou para trás uma identidade falsa.
Adriano ficou foragido desde então, até ser encontrado na madrugada deste domingo no município de Esplanada (BA). Segundo as autoridades, quando os policiais chegaram ele efetuou disparos e, na troca de tiros, foi baleado. Ele teria sido levado a um hospital da região antes de morrer.
Queima de arquivo
O miliciano estava convencido de que queriam matá-lo, não prendê-lo Nos últimos, tanto ele quanto sua esposa relataram que tinham certeza de que havia um plano de “queima de arquivo” em curso contra o ex-policial militar.
Foragido desde a Operação Os Intocáveis, Adriano estava na Bahia e chegou a escapar da polícia no dia 31 de janeiro deste ano, quando os agentes foram à casa em que ele estava escondido até então.
O ex-capitão do Bope nunca havia falado diretamente com seu advogado, Paulo Emilio Catta Preta, até a quarta-feira passada. Foi quando, preocupado com os últimos movimentos da polícia, ligou para ele e relatou que tinha “certeza” de que queriam matá-lo para “queimar arquivo”. A viúva do miliciano também fez o mesmo relato.
Segundo os policiais baianos, ele estava com uma pistola austríaca calibre 9mm – o que a defesa nega. Ele teria, de acordo com a versão oficial da morte, trocado tiros com os agentes.