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Brasil

Mangueira, Mocidade e Tuiuti brilham no primeiro dia de desfiles no Rio

Arquivo Geral

12/02/2018 17h02

Fernando Grilli

Soraya Kabarite e Cláudia Carvalho
Especial para o Jornal de Brasília

O primeiro dia do desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio foi morno. Nenhuma escola se apresentou de forma impecável, mas os destaques ficaram com Mangueira, com protesto contra o prefeito Marcelo Crivella, e Paraíso do Tuiuti, com um enredo sobre várias formas de escravidão, seguida da Mocidade Independente de Padre Miguel, que deu bela forma ao desfile sobre a Índia.

Fernando Grilli/Riotur

A crise deu fim à suntuosidade e ao requinte de outros carnavais. Todas as escolas substituíram plumas e bordados das fantasias por tule e lamê, em busca de efeitos que proporcionassem um visual mais rico. O mesmo aconteceu com os carros alegóricos, que vieram com muito plástico e luzes. Foi com esta fórmula que a Império Serrano, primeira a entrar na avenida, fez e o resultado foi um desfile apenas correto, marcando a volta da agremiação ao Grupo Especial depois de nove anos na Série A. Com um enredo sobre a China, tem chance de não cair e permanecer na elite do samba.

Gabriel Monteiro/Riotur

Em seguida, veio a desanimada São Clemente. O enredo, “Academicamente Popular”, não deu liga. A mistura do erudito com o popular deixou o enredo sobre os 200 anos da Escola de Belas Artes um tanto confuso e o desfile, embora plasticamente bonito, não empolgou e a escola se credencia a ser uma das rebaixadas este ano.

Fernando Grilli/Riotur

A Vila Isabel encheu a Sapucaí de luzes, em um recurso bem adequado ao enredo “Corra que o Futuro Vem Aí”. Mas faltou o toque genial característico do carnavalesco Paulo Barros. Quase nada ali fazia lembrar o tetracampeão do carnaval. A Comissão de Frente fantasiada de Leonardo da Vinci foi o que mais se aproximou do seu estilo. O cantor Martinho da Vila, aniversariante da noite, veio no primeiro carro e foi homenageado pelos componentes da escola.

Fernando Grilli

Quarta escola a desfilar, a Paraíso de Tuiuti fez uma apresentação emocionante sobre a escravidão. O suplício de vários povos foi retratado ali para uma reflexão de todos, embalado pelo belíssimo samba, cantado por toda a passarela. Mas o enredo sobre os 130 anos da Lei Áurea também serviu para mostrar a escravidão sem açoite promovida pelos governantes, que manipulam a população, retratada como marionetes. Um toque político em um enredo inquietante, com direito a um vampiro vestido de presidente da República. Foi a única escola que levantou todas as arquibancadas da Passarela durante sua passagem.

Fernando Grilli/Riotur

Logo depois veio a Grande Rio. De forma leve, colorida e descontraída, trouxe o enredo sobre o Chacrinha, o Velho Guerreiro. Com um samba anidado e uma batida baseada na música dos antigos programas de TV, ela passava bem. Tudo transcorria com alegria e empolgação até que a escola não conseguiu colocar o último carro na avenida. Diretores e componentes se desesperaram, o que foi pior. A escola praticamente parou de evoluir, chegando a estacionar por dez minutos em frente à cabine de jurados. A solução para o problema demorou a vir e a escola estourou o tempo em cinco minutos. Vai perder 0,5 ponto em cronometragem e também em alguns outros em alegorias e adereços, evolução e enredo, adiando o sonho do primeiro título e colocando até mesmo sua permanência no Grupo Especial em risco.

Gabriel Monteiro/Riotur

Aí veio a Mangueira. A escola passou rápido, mas contagiou. Debochou do prefeito do Rio, recordou os velhos carnavais e fez um belo protesto contra o corte de verbas, com o enredo “Com Dinheiro ou Sem Dinheiro, Eu Brinco”. Dona da velha fórmula de empolgar sem ter muito dinheiro, a escola vai, sim, brigar pela primeira colocação.

Fernando Grilli/Riotur

A Mocidade Independente também está na disputa pelo primeiro lugar, repetindo o feito de 2017. Com um enredo bem desenvolvido sobre a Índia, fez uma bela homenagem aos personagens mais importantes da história daquele país, como Buda, Gandhi e Madre Tereza de Calcutá, além das três divindades Khrisna, Shiva e Vishnu. Tudo embalado pelo forte refrão do samba-enredo e puxado pela Comissão de Frente Formada por deuses e monges. Desfilou com ares de bicampeã. (com a colaboração de Jorge Eduardo Antunes e Andreia Salles)

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