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Brasil

Mais de 70 botos morrem em Outro Lago do Amazonas

O número se soma a outras 154 carcaças de botos e tucuxis encontradas na cidade vizinha, Tefé (AM), em meio à seca histórica

Redação Jornal de Brasília

14/11/2023 20h47

Foto: Divulgação

Pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, encontraram mais 70 carcaças de botos e tucuxis, agora no Lago Coari, no município de mesmo nome, a 363 km de Manaus. O número se soma a outras 154 carcaças de botos e tucuxis encontradas na cidade vizinha, Tefé (AM), em meio à seca histórica que atinge a Amazônia.

“Dependemos um pouco da colaboração da população local para enviar informações e fotos para que, se necessário, possamos também dar apoio em outros locais. Estamos finalizando parcerias para fazer sobrevoo em lagos do entorno de Coari para verificar a presença de carcaças”, disse a oceanógrafa Miriam Marmontel, líder do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá.

Segundo ela, ainda não é possível determinar as causas das novas mortes no Lago Coari, mas a suspeita é de que seja um desdobramento do mesmo evento registrado no Lago Tefé, em função das altas temperaturas registradas na água. Mas ela ressalta haver diferenças entre as ocorrências. “Vários animais morreram, mas em Coari são poucos por dia. Nunca houve o boom de Tefé (19 mortes e depois 70). Nos dois locais, são botos e tucuxis, mas em Coari, são mais tucuxis, ao contrário de Tefé, onde a maior mortandade ocorreu com botos”, afirmou.

Outro ponto divergente entre os locais é a temperatura da água em Coari, que não foi registrada acima dos 40°C, como em Tefé. “Mas não monitoramos o evento desde o início, como em Tefé. Entretanto, em Coari existe a mesma dramática amplitude de variação de temperatura, cerca de 10°C ao dia”, afirmou Miriam.

Outra hipótese menos provável é de que as mortes possam ter a ver com a maior proliferação registrada da alga Euglena sanguinea nos lagos de Tefé e Coari, que tem potencial ictiotóxico e pode causar morte de peixes. Segundo boletim do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que também acompanha o caso, ainda não há, porém, evidências de que as toxinas da alga estejam relacionadas às mortes. “Continuamos aguardando a finalização das análises das amostras de Tefé, encaminharemos material adicional de Coari aos parceiros para termos ideia da situação em geral”, disse a oceanógrafa do Mamirauá.

Estadão Conteúdo

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