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Brasil

Loja da família de Zema em Brumadinho é notificada por vender roupas sujas de lama

Brumadinho é a cidade onde, em 25 de janeiro de 2019, 272 pessoas morreram depois do rompimento de uma barragem de rejeito

FolhaPress

10/02/2022 23h17

Foto: Agência Brasil

Leonardo Augusto
Belo Horizonte, MG

Uma loja do Grupo Zema, da família do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em Brumadinho, foi notificada pela prefeitura por colocar à venda roupas e sapatos sujos de lama. A vigilância sanitária do município afirmou que os produtos poderiam provocar infecção e doenças.

Brumadinho é a cidade onde, em 25 de janeiro de 2019, 272 pessoas morreram depois do rompimento de uma barragem de rejeito de minério de ferro da Vale.

A notificação aconteceu na manhã desta quinta-feira (10) depois de denúncia feita à prefeitura. Já na noite desta quarta-feira, no entanto, imagens das roupas dentro da loja já circulavam pelas redes sociais.

A vigilância sanitária municipal informou ter recolhido 179 peças de roupas e 42 pares de sapatos. Ainda segundo a prefeitura, os produtos foram levados para aterro e descartados “de maneira segura” por apresentarem risco de infecção e doenças.

O Grupo Zema afirma que a filial de Brumadinho assim como outras em Minas Gerais e na Bahia foram atingidas por enchentes em janeiro e fevereiro, o que ocasionou perda de produtos em estoque.

O grupo negou que os produtos estivessem à venda.

“Na filial de Brumadinho, os produtos já tinham sido baixados no estoque, e estavam sendo organizados para serem enviados para Matriz em Araxá, para avaliação, separação e definição do destino”, diz nota do grupo.

O texto acrescenta que “devido a dificuldade de espaço do imóvel e quantidade de produtos danificados pela enchente, alguns estavam alocados no salão de vendas, mas não estavam com preço ou disponível para comercialização”.

Ainda conforme a nota, “em todos os casos de produtos danificados parcialmente, é procedimento da empresa realizar a baixa do estoque para que não seja mais colocado à venda, e quando possível e permitido, realizamos a doação desses produtos, e quando os mesmos não estão em estado de utilização é feito a inutilização”.

Segundo a prefeitura, as roupas estavam disponíveis para venda. A notificação feita à loja afirma que, em caso de reincidência, o estabelecimento será multado e poderá ser interditado.

As enchentes na cidade ocorrem em caso de elevação do nível de água do rio Paraopeba, que corta o município. O curso d’água é o que foi poluído pela lama de rejeito de minério de ferro que desceu da barragem quando a estrutura se rompeu em 2019.

Os impactos ambientais foram registrados ao longo de aproximadamente 250 quilômetros, entre Brumadinho e Pompéu, onde o rio se encontra com o lago da barragem da represa de Três Marias, região central de Minas Gerais.

“Essa lama que sujou as roupas é proveniente do rompimento da barragem. O rio Paraopeba cuspiu a lama. É essa lama que tirou a vida de 272 pessoas. E ainda querem lucrar com isso”, afirma o dirigente do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) Santiago Matos.

O prefeito da cidade é Avimar de Melo Barcelos (PV), que não figura entre aliados do governador.

Grupo Zema O mergulho da família Zema, que tem raízes em Araxá (MG), no Alto Paranaíba, teve início em 1923 quando o bisavó do governador Romeu Zema, Domingos Zema, abriu uma loja de peças para carros. O pai do governador, Ricardo Zema, assumiu o comando da loja em 1961.

Em 1976, a família entrou também na área de varejo de eletrodomésticos, hoje o maior do grupo. Hoje o conglomerado vende outros produtos como roupas, celulares e equipamentos de informática. O grupo atuou ainda no setor de combustíveis. O governador Zema deixou posto de comando no conglomerado em 2016.

A assessoria do governador Romeu Zema ainda não respondeu ao contato feito pela reportagem.

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