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Brasil

Julgamento de suspeitos de matar e carbonizar família no ABC é adiado

O motivo para a suspensão temporária, de acordo com o TJSP, foi a ausência de uma testemunha convocada pela defesa de um dos cinco réus

FolhaPress

21/02/2022 18h18

Foto: Reprodução

Alfredo Henrique
São Paulo, SP

Foi adiado para junho deste ano o julgamento de cinco suspeitos de envolvimento na morte de uma família, encontrada carbonizada dentro do porta-malas de um carro, em janeiro de 2020 na região do ABC.

Inicialmente, o julgamento estava agendado para começar na manhã desta segunda-feira (21). Porém, acabou remarcado para 13 de junho deste ano.

O motivo para a suspensão temporária, de acordo com o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), foi a ausência de uma testemunha convocada pela defesa de um dos cinco réus.

“O Ministério Público e os assistentes de acusação abriram mão de ouvir a testemunha, mas a defesa não abriu, por isso [o júri] foi resignado”, informou a corte. O caso corre em segredo de Justiça.

Ana Flávia Martins Gonçalves, filha e irmã das vítimas, sua namorada Carina Ramos de Abreu, os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos, primos de Carina, além de Guilherme Ramos da Silva, permanecerão presos até a nova data do julgamento.

Os cinco são acusados pelo Ministério Público de matar e carbonizar os corpos de Romuyuki Gonçalves, 43, de sua mulher Flaviana Gonçalves, 40, e do filho Juan Gonçalves, 15.

Os corpos das vítimas foram encontrados no carro da família, um Jeep Compass, no limite entre São Bernardo e Santo André, no ABC, na madrugada de 28 de janeiro de 2020. Anaflávia e Carina foram presas no dia seguinte, e os outros suspeitos, dias depois.

O advogado Epaminondas Gomes de Farias, assistente de acusação contratado pela família das vítimas, afirmou, em janeiro do ano passado (quando os suspeitos prestaram depoimento à Justiça), que os cinco acusados arquitetaram e executaram o triplo assassinato.

À época em que as duas suspeitas prestaram depoimento, o advogado de defesa delas, Sebastião Siqueira, afirmou que suas clientes disseram que participaram do planejamento de um assalto, que precedeu o triplo assassinato, mas foram pegas de surpresa com a violência. A motivação para o crime seria o fato de o bando não ter encontrado dinheiro na casa das vítimas, segundo investigação da Polícia Civil.

“Elas não mudaram uma vírgula [em seus depoimentos] desde que foram presas e levadas à delegacia. Já os outros acusados não responderam a nenhuma pergunta feita pelo juiz [em janeiro de 2021]”, afirmou o defensor.

À polícia, Juliano Oliveira Ramos Júnior, um dos acusados pelo crime, afirmou após ser preso, em 2020, que o triplo assassinato ocorreu após o aval das duas mulheres.

A advogada Alessandra Martins Gonçalves Jirardi, que defende Juliano e Jonathan, afirmou também na ocasião que, por orientação dela, seus clientes permaneceram em silêncio durante a audiência no início do ano passado.

Segundo a defensora, eles vão se manifestar no julgamento, quando forem arrolados para falar pelo juiz Lucas Tambor Bueno, que preside os trabalhos em Santo André. “Vamos apresentar nossa versão em frente ao conselho de sentença [jurados]”, afirmou na ocasião.

Ela adiantou que irá apresentar testemunhos e provas supostamente indicando que Anaflávia e Carina decidiram sobre a morte da família, versão diferente das duas acusadas. Os dois clientes dela, acrescentou, não participaram do triplo assassinato, mas “somente do roubo.”

A defensora disse ainda que o julgamento será “uma batalha” entre advogados de defesa, durante a qual cada um irá sustentar a versão de seus clientes. “Nós iremos apontar o dedo para elas e elas para a gente”, afirmou também à época.

Diferentemente de Alessandra, o advogado das duas acusadas afirmou que Anaflávia e Carina acreditavam que ocorreria um roubo simulado, junto com os outros três acusados. “Mas por fim, como não encontraram dinheiro na casa, os outros três ‘deram cabo da família’. Minhas clientes foram envolvidas nisso e não queriam que acabasse como acabou”, afirmou.

A defesa de Guilherme Ramos da Silva não foi localizada até a publicação desta reportagem.
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O CRIME

Romuyuki e Flaviana Gonçalves, além do filho do casal, Juan Victor, foram rendidos na noite do dia 27 de janeio de 2020 em casa, em um condomínio de Santo André. Seus corpos foram encontrados no porta-malas do carro em chamas da família, um Jeep Compass, na madruga seguinte, na estrada do Montanhão, em São Bernardo.

A casa foi encontrada toda revirada pela polícia. A perícia achou na ocasião marcas de sangue, inclusive nas calças de AnaFlávia, que havia sido lavada.

A filha do casal foi presa, juntamente com a namorada, um dia após o encontro dos corpos. Os demais suspeitos foram detidos posteriormente, conforme as investigações evoluíram.

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