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Brasil

Herdeiro político do pai, Jairinho tem votos em área de milícia

Dr. Jairinho está em seu 5º mandato como vereador. Começou em 2004, aos 27 anos, pelo PSC, numa típica carreira impulsionada por laços de família

Redação Jornal de Brasília

09/04/2021 9h33

Foto: Reprodução/TV

Três dias após a divulgação da morte suspeita do menino Henry Borel, de 4 anos, seu padrasto, o vereador Jairo Souza Santos Júnior (Solidariedade), mais conhecido como Dr. Jairinho, foi empossado no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio. A posse em 11 de março, no início das investigações sobre o episódio chocante e sob apuração policial, ilustra a força do político.

O médico de 43 anos tem no nome de urna um sinal da linhagem que o elegeu. Seu pai é o suplente de deputado estadual Coronel Jairo, PM da reserva que foi parlamentar de 2003 a 2018 e é citado na CPI das Milícias da Alerj como supostamente ligado à Liga da Justiça. Dez anos depois, passou pela cadeia, levado pela Operação Furna da Onça. Repudia as acusações e nega os crimes.

Dr. Jairinho está em seu 5º mandato como vereador. Começou em 2004, aos 27 anos, pelo PSC, numa típica carreira impulsionada por laços de família. Jairo, o Moço, elegeu-se na mesma base do pai, Jairo, o Velho, com centro em Bangu, Realengo e Padre Miguel. Depois disso, venceu duas eleições, em 2008 e 2012, pelo mesmo PSC. Depois, concorreu pelo MDB e obteve o último mandato pelo Solidariedade – partido que agora fala em examinar sua “expulsão sumária”.

Em 2020, Dr. Jairinho foi o 28.º mais votado no Legislativo carioca, com 16.061 votos. Sem muita nitidez ideológica e com CRM ativo desde julho de 2004, foi líder dos governos de Eduardo Paes (DEM) e de Marcelo Crivella (Republicanos).

Ainda era líder de Crivella na Câmara quando, no 2º turno da eleição do ano passado, participou de um evento de apoio a Paes no Ginásio Jairo Souza Santos, batizado com o nome do pai, onde pediu que votassem no atual prefeito. Àquela altura, a eleição para a prefeitura do Rio era, para os políticos mais experientes, “jogo jogado”. Pesquisas davam grande vantagem ao demista. O vereador rapidamente voltou ao velho aliado, que o aceitou sem restrições. Afinal, a proximidade do poder lhe garante a presença em inaugurações da prefeitura, que rendem votos.

Milicianos

Na mesma região onde Dr. Jairinho e o pai colhem votos, milicianos atuam. No Jardim Batam, em Realengo, em 2008, uma equipe do jornal O Dia, que se infiltrara na comunidade para uma reportagem sobre a milícia, foi capturada por criminosos.

Em seus 16 anos na Câmara, Dr. Jairinho ocupou postos de destaque, além de liderar os governos Paes e Crivella. Foi primeiro-secretário, presidiu a Comissão de Educação e a do Plano Diretor, foi vice da Comissão de Saúde.

Pessoalmente, destaca-se pelos cuidados pessoais. Veste ternos bem cortados. Polido e contido, não passa emoções a seus interlocutores. Nas últimas semanas, após a morte de Henry, surgiram contra ele denúncias de supostos atos de violência.

Ex-namoradas denunciaram agressões e ameaças contra elas e as crianças. A defesa do político rebateu as acusações. Os depoimentos sobre supostas agressões motivaram investigações na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima. Também lá o vereador, agora preso, terá de se explicar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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