Menu
Brasil

Especialistas criticam projetos para moradores de rua em São Paulo

A iniciativa faz parte do programa Reencontro, anunciado pela administração após a divulgação do último censo da população de rua

FolhaPress

15/02/2022 20h19

Foto: Reprodução

Especialistas em políticas urbanas e moradia criticaram os projetos da Prefeitura de São Paulo criados em reação ao aumento de 31% da população de moradores de rua na capital paulista de 2019 para 2021, segundo censo recém-divulgado.

O jornal Folha de S.Paulo mostrou com exclusividade nesta terça-feira (15) o conteúdo da minuta de um edital para a contratação da empresa que será responsável pela preparação profissional e socioemocional dos sem-teto antes de incluí-los no mercado de trabalho.

A iniciativa faz parte do programa Reencontro, anunciado pela administração após a divulgação do último censo da população de rua.

Para o pesquisador Aluizio Marino do LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade), ligado à faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo), a proposta é “mais do mesmo de projetos anteriores”. “É bem parecido com o Trabalho Novo, algo que já não deu certo”, diz em relação ao programa de empregabilidade para moradores de rua extinto em 2019.

O pesquisador explica que oferecer a sem-teto vagas para serviços de zeladoria resolve apenas parte do problema porque não se considera o perfil variado de pessoas que vivem nas ruas. “Nem todo mundo quer varrer calçadas”, diz Marino.

Para a professora de economia da USP e coordenadora da Rede Brasileira de Pesquisadores sobre População em Situação de Rua, Silvia Maria Schor, a oferta de vagas aos sem-teto é um programa de transferência de renda, que pode gerar resultados positivos, mas não a longo prazo.

“Não me parece que essas atividades podem gerar mudanças em relação à inserção no mercado de trabalho, apesar de serem úteis para manter a população ocupada”, afirma a professora.

A disponibilidade de casas de até 18 metros quadrados, a serem montadas pela administração na região central da cidade, é outra proposta vista com preocupação pelo pesquisador do LabCidade. “Há o risco de criar um gueto e todas as consequências sociais a partir disso”, diz Marino.

Apesar de considerar inovadora a proposta de criar moradias transitórias, a professora Silvia se preocupa com os resultados a longo prazo. “O que se espera dessas pessoas quando se encerrar o período de permanência?”, questiona.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado