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Brasil

Especialistas avaliam impacto da ausência de contato físico para as crianças

Para a psicóloga infantil Mara Gomes, é importante que os pais manifestem para as crianças o porquê de tudo isso está acontecendo

Redação Jornal de Brasília

26/04/2021 18h04

É necessário falar abertamente com as crianças sobre a situação. Foto: Pixabay / domínio público

Maria Luiza Oliveira  de Castro e Ana Luiza Duarte / Agência UniCEUB

Uma criança não vê a hora de ir para a escola. Mas os pais alertam sobre a existência de um novo inimigo invisível e muito perigoso. Situações como essa se tornaram rotina, e de difícil compreensão para os pequenos. Não é fácil para eles entenderem que, de repente, esse inimigo os afasta dos amigos, e dos avós. Segundo especialistas, é necessário haver um diálogo cuidadoso acerca do que está acontecendo, e que todos estão trabalhando para que logo isso passe. Outra mensagem importante é que o carinho e o amor não diminuíram.

Para a psicóloga infantil Mara Gomes, é importante que os pais manifestem para as crianças o porquê de tudo isso está acontecendo. Explicar e deixar claro sobre a importância do uso da máscara e do distanciamento. Ela reforça a relevância da honestidade com os pequenos, e as explicações sobre a pandemia de acordo com o entendimento de cada idade. “Hoje em dia, existem vários videozinhos didáticos explicando sobre o que é a covid-19”, explica. “As crianças têm entendido melhor essa situação”.

Reações e impactos

Segundo a socióloga Tânia Mara Campos de Almeida, as crianças lidam de diferentes formas em relação à sociabilidade. Isso se altera de acordo com a classe social e a idade, por exemplo. Para a pesquisadora, a pandemia não é vivida da mesma forma por todas as crianças. “A criança que tem acesso à tecnologia, pais em casa com certa frequência e o maior convívio com a família, lida de uma forma diferente da criança que passa o dia todo sem ver os pais, porque trabalham fora e não tem acesso ao ensino remoto”. Ainda acordo com ela, pode ser muito prejudicial para a criança não ter contatos variados, com pessoas de opiniões, fenótipos ou com a mesma faixa etária.

Tânia Almeida acrescenta que, com o aumento do uso da tecnologia durante a pandemia, as crianças tendem a idealizar um mundo. “Sem ter contato com os pés no chão, com o olho no olho, se colocando em uma realidade física, vai sim gerando um tipo de sociabilidade diferente, passando a ter dificuldade com críticas, opiniões divergentes, dificuldades de se expor, e cria-se também estereótipos”, explica a socióloga.

O processo de aprendizado e socialização escolar são áreas onde as crianças mais sentirão mudanças. A psicopedagoga Eliane Castro afirma que, nesse momento de transição de volta às aulas presenciais, é necessário que a escola proporcione um ambiente saudável e afetivamente desenvolvido. Entretanto, a profissional avalia que os prejuízos virão de qualquer jeito. “Quando falamos em contato físico, não necessariamente deve haver toque, mas isso traz um prejuízo inevitável”.

A psicopedagoga concorda que a falta de aprendizado lúdico, a convivência somente com adultos pela maior parte do tempo e a não socialização com indivíduos da mesma idade causam bloqueios emocionais na criança que dificultam a assimilação do conteúdo escolar. “Algumas desenvolvem pânicos e fobias que permeiam até a fase adulta”.

Segurança

Para assegurar o processo de socialização da criança mesmo durante a pandemia, a socióloga Tânia Almeira afirma que, além da decisão familiar e individual, é de extrema importância políticas públicas que assegurem a vacinação em massa e ambientes seguros. A socióloga ainda encoraja as famílias a sempre que possível e tomando todos os cuidados, saírem para lugares abertos, onde as crianças possam ter contato com a natureza.

Na opinião da psicopedagoga Eliane Castro, as escolas que ainda estão com aulas totalmente de forma online podem criar salas de vídeo chat a fim que as crianças interajam entre si. “Podemos fazer concursos de músicas, bingos, sempre usando a forma lúdica para que seja uma coisa mais descontraída”, exemplifica. A psicopedagoga ainda tranquiliza os pais, mas pede compreensão: “O vírus ainda está entre nós e, pode ter certeza, é infinitamente mais fácil conscientizar uma criança do que um adulto. A criança tem empatia pelo outro, respeito e compaixão, com certeza se você mostrar que agora é necessário, ela vai entender”.

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