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Brasil

Especialistas afirmam que não existe problema em usar 2ª dose diferente da 1ª

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a medida, que foi tomada porque há falta da vacina produzida no Brasil pela Fiocruz, é segura e não traz nenhum problema para a população

FolhaPress

13/09/2021 23h03

LUCA CASTILHO

A Prefeitura de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB), passou a vacinar, nesta segunda-feira (13), com imunizante da Pfizer as pessoas que não conseguiram tomar a segunda dose da vacina AstraZeneca contra a Covid-19. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a medida, que foi tomada porque há falta da vacina produzida no Brasil pela Fiocruz, é segura e não traz nenhum problema para a população.

“A medida é absolutamente correta do ponto de vista científico. A pessoa no mínimo estará imunizada igual”, diz Sérgio Zanetta, médico sanitarista e especialista em Saúde Pública da São Camilo. Ainda de acordo com médicos, além de necessária para completar o esquema vacinal, a medida pode até potencializar a resposta imunológica.

“Um estudo recente mostrou que a resposta de anticorpos neutralizantes foi muito maior com a vacinação alternada, o que mostra que a mistura da vacina não só foi positiva como foi melhor”, afirma Camila Sacchelli, imunologista e especialista em doenças infecciosas e parasitárias do CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“São vias diferentes de apresentar para o sistema imune o mesmo antígeno e existe uma possibilidade de ter uma resposta melhor”, ressalta a especialista. Segundo a prefeitura, para contornar o problema, que atingiu cerca de 340 mil pessoas, 165 mil doses da vacina Pfizer foram distribuídas nesta segunda-feira (13).

A chamada intercambialidade, ou seja, a primeira dose de uma e a segunda, de outra, será válida para aqueles que deveriam se imunizar pela segunda vez com a AstraZeneca entre 1º e 15 de setembro, conforme definiu a Secretaria Estadual da Saúde na noite da última sexta-feira (10).

“Outros países deram a segunda dose diferente da primeira e a eficácia foi muito boa. Não vejo nenhum problema e já tem um embasamento científico bom”, ressalta Guilherme Furtado, líder médico do departamento de infectologia do Hcor, de São Paulo.

“Alguns estudos mostraram mais sintomas pós-vacinais como dor no braço, dor de cabeça e no corpo, com a imunização heteróloga, mas sem risco algum”, completa o médico.

Em nota à reportagem, o Ministério da Saúde diz que não deve segunda dose de vacina Covid-19 da AstraZeneca ao estado de São Paulo. “Até o momento foram entregues ao estado 12,4 milhões de dose 1 e 9,2 milhões de dose 2 da AstraZeneca. As 2,8 milhões de doses não foram enviadas porque o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no final do mês”, escreve, em nota.

Ainda segundo o governo federal, o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose dois. “As alterações nas recomendações do Programa Nacional de Imunizações acarretam na falta de doses para completar o esquema vacinal na população brasileira”, diz.

A prefeitura da capital paulista recomenda que as pessoas acompanhem a disponibilidade de segundas doses dos imunizantes por meio da plataforma “De Olho na Fila”, serviço criado para mostrar como está a situação dos postos e se há vacinas (e de qual marca) para segunda dose.

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que tem um acordo com a biofarmacêutica AstraZeneca para produzir o imunizante no Brasil, afirmou, por meio de nota, que as entregas estão previstas para esta semana, de 13 a 17 de setembro, e serão normalizadas.

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