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Brasil

Em meio à devastação, a luta para salvar animais presos pelas inundações no Rio Grande do Sul

O resgate do cavalo “Caramelo”, que ficou dias sobre o telhado de uma construção alagada, comoveu o país, através de imagens que viralizaram

Redação Jornal de Brasília

12/05/2024 16h11

Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

Socorristas voluntários cujos trabalhos são essenciais para resgatar pessoas isoladas no estado inundado do Rio Grande do Sul enfrentam outro desafio: salvar os animais presos pelas águas.

O resgate do cavalo “Caramelo”, que ficou dias sobre o telhado de uma construção alagada, comoveu o país, através de imagens que viralizaram nas redes sociais.

Na área do antigo Gasômetro de Porto Alegre, capital do estado, foi instalado um dos principais pontos de saída de barcos e desembarque de pessoas evacuadas. Muitos animais chegam debaixo dos braços, enrolados em toalhas. Alguns deles são trazidos após dias na água e sem comida.

A maioria é proveniente de Eldorado do Sul, cidade próxima que foi totalmente devastada pelo transbordamento do rio Guaíba, parte da tragédia que já deixou mais de 130 mortos e mais de dois milhões de pessoas afetadas no estado.

A poucos metros de distância, uma estrutura de tendas aumenta a cada dia: um “hospital de campanha” para receber animais resgatados.

Cães, gatos, coelhos, galinhas, porcos e cavalos que chegam completamente sedados para serem transportados, são submetidos a um processo sistematizado de revisão, de cuidados com a saúde, alimentação e tirando fotos que serão publicadas na internet para tentar encontrar seus tutores.

“Temos testes rápidos. Se chegar com algum sintoma de doença infectocontagiosa, a gente separa eles e os trata nas clínicas e hospitais”, explica a veterinária Cintia Dias da Costa, de 48 anos.

Os animais, encantados, chegam a um ritmo de compras por hora nos braços de voluntários que frequentemente o envolvimento em mantas térmicas.

Muitos cachorros

Neste “hospital de campanha”, todos os voluntários são identificados por seus nomes e função em um esquema de primeiros socorros.

A maioria dos resgatados são cachorros. Caso seus tutores não apareçam em algumas horas, são transportados por pessoas que se voluntariaram para levá-los a abrigos temporários. Se ainda assim não forem identificados, serão apresentados para adoção, explica a coordenadora de eventos Cassia Hennig, de 26 anos.

“Quero contribuir de alguma forma e eu prefiro com os bichinhos, que podem ser inocentes e não resolver sozinhos”, diz Priscila Correa, de 51 anos.

Ela e o marido, Mariano Scalco, de 43 anos, podem levar dois animais por vez em seu veículo SUV aos abrigos temporários.

Já cavalos são tratados por especialistas em equinos e transportados em caminhões, em muitos casos para universidades que oferecem instalações para mantê-los temporariamente, explica o veterinário Fernando González.

A última etapa

No sexto andar do estacionamento de um shopping a 10 minutos do Gasômetro, em direção ao centro de Porto Alegre, há toneladas de ração em sacos, recipientes de água, alguns remédios, e cerca de 200 cachorros aos quais foram atribuídos pequenos colchões, uma tigela de água e um comedouro.

Algumas brincam com seus cuidadores ocasionais, que conhecem há algumas horas. Outros parecem muito abatidos e exaustos depois de uma odisseia que, em alguns casos, durou dias até que puderam ser retirados de suas casas ou resgatados da água.

Este local também é administrado por voluntários, como muitas das tarefas de resgate após as chuvas devastadoras no Rio Grande do Sul. O abrigo foi criado para “liberar o local onde os animais estão sendo resgatados”, explica à AFP Fernanda Ellwanger de Lima, de 42 anos.

“A sensação e de estar fazendo algo para dar visibilidade à causa animal. Temos que entender que a vida dos animais tem valor. Temos que mostrar isso à sociedade”, completou a funcionária pública.

© Agência France-Presse

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