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Brasil

Eles estavam aqui desde bebês, eram família, diz dono da creche em SC

Alvo de um ataque com quatro crianças mortas, o centro de educação Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), é tocado há quase 15 anos

FolhaPress

06/04/2023 17h50

Catarina Scortecci

Blumenau, SC

Alvo de um ataque com quatro crianças mortas nesta quarta (5), o centro de educação Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), é tocado há quase 15 anos por um casal. O dono do espaço, Aparecido Albertoni Vicente, trabalha de motorista, levando e buscando quase 30 crianças todo dia, das 6h30 até as 19h30.


A mulher dele, Alcolides Ferreira, é a diretora da escola e ainda não conseguiu dar entrevistas sobre o episódio. “Ela está sedada desde quarta. Vamos esperar o efeito do remédio passar pra gente ver como ela vai reagir”, diz o marido.


O espaço atende desde bebês até crianças com 12 anos de idade. Segundo Vicente, três das vítimas de quarta-feira estão matriculadas lá desde bebês.


“Os dois Bernardos e a Larissa estavam desde bebês com a gente. O Enzo entrou este ano. Eles eram todos tranquilos, participavam de tudo. A gente é uma família aqui”, conta ele.


Bernardo Cunha Machado, Larissa Maia Toldo, Bernardo Pabst da Cunha e Enzo Barbosa foram enterrados nesta quinta-feira (6) em dois cemitérios de Blumenau.


Pais de crianças matriculadas na escola que conversaram com a reportagem disseram que os filhos gostam do lugar e que, em princípio, devem mantê-los ali.


“Até agora, graças a Deus, nenhum pai procurou a gente para tirar filhos da escola”, diz Vicente, que afirma que hoje a unidade tem hoje 220 alunos e 25 funcionários. “Os maiores, geralmente, fazem contraturno aqui. Vão para a escola, pela manhã ou à tarde, e no outro turno ficam aqui.”


Mais cedo, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt (Podemos), disse que poderia buscar vagas na rede pública caso alguma família não se sentisse em condições de manter as crianças no Cantinho do Bom Pastor.


Uma equipe da prefeitura, formada por psicólogos e assistentes sociais, vai prestar auxílio à creche na segunda-feira, para ajudar na retomada das atividades.


A escola, segundo Vicente, deve reabrir na quarta-feira. Serão feitas reuniões até lá para definição de como o episódio será tratado. Alguns pais contaram à reportagem que os filhos entenderam que houve um assalto e que ainda pensam sobre como devem agir com os pequenos sobre o episódio.


Alguns pais voltaram à creche para buscar mochilas deixadas pelos pequenos na manhã do atentado. No portão principal da escola, há velas, mensagens e coroas de flores que estavam nos velórios das crianças. Elas foram enterradas na manhã desta quinta.


Pamela Liscano, consultora de viagens e mãe de um menino de quase 3 anos que estava na creche no momento do ataque, conta que foi pegar o filho pela manhã depois de receber um áudio no grupo de WhatsApp da escola. Uma professora avisava que havia crianças feridas.


“Conversei com ele, perguntei se ele estava entendendo o que tinha acontecido. Ele só disse que os coleguinhas estavam com muito medo e que ele ajudou os coleguinhas”, disse Pamela. “Eles avisaram que as crianças poderiam voltar na terça-feira. Eu acredito que o meu filho vai voltar. Sei que não foi culpa da creche. Ele gosta muito das ‘profes’. Todo mundo é muito carinhoso.”


O vendedor Carlos Leandro Kroez, pai de uma menina de 6 anos, tem visão parecida. “Foi um fato isolado. A escola é perfeita. A gente não esperava. A diretora é uma pessoa extremamente dedicada. Não tem nada a ver com a escola. Tem a ver com a maldade da pessoa que fez isso”, disse ele.

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