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Brasil

Dia do Surdo: libras ajuda a incluir e age contra desinformação, dizem intérpretes

O papel de intérpretes do idioma torna-se fundamental como ponte entre os cidadãos surdos e ouvintes

Redação Jornal de Brasília

26/09/2023 16h32

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Júlia Marques
Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB

Um idioma no País, que nem todos os brasileiros conhecem, tem a responsabilidade de promover acesso e igualdade, fundamentais para garantia da cidadania. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida legalmente como oficial desde 2002.

O papel de intérpretes do idioma torna-se fundamental como ponte entre os cidadãos surdos e ouvintes. Nesta terça (26), Dia Nacional do Surdo, entidades e profissionais defendem que é necessário conscientizar a sociedade para os direitos básicos das pessoas com deficiência auditiva.

Uma ponte

O intérprete Roger Opazo, que atua no ensino superior em Brasília, define seu papel como uma ponte de intermediação. Ele entende que ainda existem diversas barreiras a serem quebradas para uma maior inclusão dos surdos na sociedade.

‘’Temos um longo caminho na quebra de barreiras da comunicação entre pessoas surdas e ouvintes. Não só os intérpretes que devem fazer isso. São medidas e investimentos feitos na educação básica, colocar libras como matéria obrigatória no ensino fundamental, por exemplo”, diz o intérprete do Centro Universitário de Brasília.

A libras é considerada muito mais do que um sistema de gestos, mas também uma língua completa, com gramática e vocabulário próprios. No entanto, a maioria da população ouvinte não tem conhecimento para comunicar-se efetivamente.

O intérprete acredita que, enquanto isso, é possível plantar uma semente de curiosidade nas pessoas. “Não é apenas mais um idioma aprendido, e sim um processo social. Acho que todas as pessoas deveriam lutar por pautas inclusivas”, afirma.

“Sociedade não é inclusiva”

Outra intérprete, Brenda Rodrigues, que trabalha na TV Brasil (emissora pública do País), em Brasília, ressalta a importância de profissionais qualificados para que as pessoas que usam Libras como meio de comunicação, tenham acesso a informações de qualidade, evitando a desinformação.

Ela lamenta que, no Brasil, os deficientes auditivos continuam a enfrentar uma série de desafios. Preconceito, discriminação, falta de acessibilidade, ausência de profissionais nas intituições de ensino, acabam tornando tornam a educação e inclusão limitada.

Para o intérprete Roger Opazo, que trabalha na área da educação vê a importância que tem na vida dos alunos.

“Estou permitindo que o deficiente auditivo cresça academicamente, tenha suas opiniões e escolhas, conseguindo atuar na sua profissão com o melhor desenvolvimento possível, estou ajudando a formar grandes profissionais’’.

Brenda Rodrigues entende que há uma barreira linguística que precisa ser desconstruída. Ela testemunha que a sociedade que não é inclusiva. Se todas as pessoas soubessem se comunicar em libras, assim como aprendem outras línguas, não existiria essa barreira’’.

Isolamento

Brenda relembra o difícil período de isolamento social, devido à pandemia causada pela covid-19. Para ela, é evidente que essa exclusão ainda é grande, que a mídia tem grande importância para a visibilidade e reconhecimento da profissão.

‘’No período da pandemia, entrei na TV Brasil e comecei a interpretar as coletivas de imprensa, com os boletins oficiais do Ministério da Saúde. Foi só nesse momento que os surdos começaram a entender o que estava acontecendo no Brasil e no mundo”.

Por isso, ela avalia que o intérprete não é apenas acessório de acessibilidade. “Somos profissionais da área linguística. Reconhecer o surdo e seu idioma é fundamental para que nossa profissão seja valorizada. Somos precursores da informação, a mídia também tem que nos incluir em suas matérias, por exemplo’’

Conscientização

O dia 26 de setembro é reconhecido como o Dia Nacional Do Surdo, e foi escolhido em homenagem a fundação da primeira escola para surdos no Brasil em 1857, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

No Distrito Federal há cerca de duzentas mil pessoas com deficiência, de acordo com levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal, deste ano. E a língua de sinais só é incorporada para pessoas com deficiência.

Esta data foi oficializada em 2008, por meio da lei nº 11.796, e tem por objetivo promover a conscientização da população, e a celebração dos direitos conquistados pela comunidade com deficiência auditiva no Brasil.

Independentemente do grau de surdez, é fundamental buscar reabilitação auditiva, e a orientação de profissionais especializados que desempenham papéis cruciais na qualidade de vida dessas pessoas.

Nem todos os tipos e graus de surdez são classificados como PCD auditivo, de acordo com a lei, o critério relevante é a avaliação da audiometria sem o uso de próteses auditivas, bem como a análise do tipo de surdez, que representa diferentes graus.

Podem ser diferenciados como leve, moderado, severo e profundo, esses são classificados baseados na perda auditiva.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de pessoas têm deficiência auditiva no país, 5% da população, dos quais 2,7 milhões possuem surdez profunda.

De acordo com o site oficial do Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diversos tratamentos clínicos, cirúrgicos e de reabilitação para crianças e adultos com deficiência auditiva, dentre eles, a concessão de próteses auditivas.

Apesar de compartilharem a deficiência no mesmo campo sensorial, a forma de adaptação de cada um pode variar. Os surdos oralizados são aqueles que se comunicam oralmente, fazem leitura labial e/ ou escrevem. Os sinalizados usam a Língua Brasileira de Sinais- Libras, e os Bilíngues, são fluentes nas duas línguas.

É importante reconhecer a diversidade na forma de comunicação e as necessidades de forma individualizada.

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