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Brasil

Datafolha: 68% no Rio nunca ouviram falar da ADPF das Favelas, chamada de maldita por Castro

O levantamento ouviu 626 pessoas com 16 anos ou mais de idade por telefone na cidade do Rio de Janeiro

Redação Jornal de Brasília

02/11/2025 9h29

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Foto por MAURO PIMENTEL / AFP

LUCAS LACERDA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Chamada de maldita pelo governador Cláudio Castro (PL) e queixa frequente do chefe do Executivo fluminense, a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) das Favelas é um tema desconhecido para 68% da população da cidade do Rio de Janeiro e da região metropolitana da capital, mostra pesquisa Datafolha.

A opinião dos moradores sobre o tema logo após a Operação Contenção, a mais letal do país, está empatada, de acordo com o levantamento. Foram 41% favoráveis à ADPF e 43% contrários. Outros 13% não sabem e 3% se disseram indiferentes.

O levantamento ouviu 626 pessoas com 16 anos ou mais de idade por telefone na cidade do Rio de Janeiro e na região metropolitana da capital, nos dias 30 e 31 de outubro. A margem de erro da pesquisa para o total da amostra é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

Entre quem mora na capital, 63% nunca ouviram falar da ADPF –a margem de erro para esse grupo é de cinco pontos percentuais para mais ou para menos. No Grande Rio, com margem de erro de seis pontos percentuais, 73% não conhecem o tema. Mais gente já ouviu falar sobre a ação na capital (37%) do que na região metropolitana (27%).

Entre quem achou a operação mal executada, 78% são a favor da ADPF.

Entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno de 2022, 64% são contrários, e 25%, favoráveis à ação, considerando margem de erro de seis pontos percentuais para mais ou para menos. Entre quem votou em Lula (PT), com margem de erro de sete pontos percentuais, o discurso se inverte, com 66% favoráveis e 19% contra.

Entre moradores de comunidades da capital e do Grande Rio, 50% são favoráveis à ADPF. Para quem mora fora de favelas, o índice é de 38%.

No geral, a operação foi considerada um sucesso para 57% moradores do Rio, segundo dados da pesquisa Datafolha divulgados neste sábado (1º). A aprovação do governador também chegou à maior marca desde o início do mandato, com 40% de aprovação. A atuação do governo na segurança pública foi aprovada por 37%, mesmo patamar dos que consideram o trabalho ruim ou péssimo.

Já o apoio à participação do Exército registrado pelo levantamento foi mais amplo, com 76% favoráveis à ideia. Parcela parecida (72%) também acredita que as Forças Armadas deveriam ter participado da operação da última terça-feira (28).

A ADPF 635 foi apresentada em 2019 ao STF (Supremo Tribunal Federal) e teve análise iniciada em novembro de 2024. Desde 2020, o Supremo aplicou uma série de mudanças na estrutura das forças de segurança e em normas e procedimentos para uso da força policial em comunidades do Rio.

A ADPF foi chamada de maldita por Castro horas após a operação. O governador vem atribuindo à ação dificuldades operacionais e também o aumento de barricadas nas favelas. A decisão de 2020 restringia o uso de helicópteros e a realização de operações em regiões próximas a escolas, creches e hospitais. Em abril deste ano, a corte diminuiu restrições, como a do uso das aeronaves, mas manteve outras regras.

Dentre elas, por exemplo, a produção de autópsias em todos os casos, com laudos concluídos em dez dias. Ainda, o delegado da área deverá ir ao local, o Ministério Público deverá ser acionado, o local deverá ser preservado para atuação da perícia –o que não aconteceu com a retirada dos corpos da mata.

A corte também torna obrigatória a presença de ambulâncias em operações policiais planejadas e com risco de conflito armado.

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