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Brasil

Dario Messer, que aparece na mão de Bolsonaro no JN, já foi condenado por evasão de divisas e lavagem de dinheiro

Em nota emitida na época, os proprietários da emissora negaram as acusações de Messer e ressaltaram que o doleiro não apresentou provas

FolhaPress

23/08/2022 13h12

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Felipe Nunes
São José do Rio Preto, SP

Dario Messer, uma das anotações na mão do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira (22), é o nome de um dos maiores doleiros do país.

Conhecido como “doleiro dos doleiros”, Messer já foi condenado pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A última ocorreu no processo da Operação Marakata, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Ele foi preso pela Polícia Federal em julho de 2019 após ficar um ano foragido. Messer foi apontado como mentor de um esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 5 bilhões entre 2011 e 2017, envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.

Messer também foi investigado pelo MPF (Ministério Público Federal) sob suspeita de controlar o banco Evergreen (EVG) em Antígua e Barbuda, no Caribe, que misturava negócios legais e ilegais.

Ele se tornou foragido em 2018 após a Operação Câmbio, Desligo, que mirou a atuação de seis dezenas de doleiros e seus funcionários no país.

Messer chegou a ensaiar uma delação premiada com procuradores federais em 2017 e 2018, o que não foi concretizada, pois ele se recusava a permanecer um dia sequer na prisão.

Em 2020, passou a cumprir prisão domiciliar com tornozeleira, por determinação do Superior Tribunal de Justiça.

Em agosto do mesmo ano, após o seu acordo de delação ser homologado pela Justiça, o doleiro foi solto por ordem do juiz Marcelo Bretas, mas segue proibido de deixar o país e de manter contato com outros réus.

A defesa de Messer não quis se manifestar sobre uma condenação do doleiro em agosto de 2020. A Folha de S.Paulo não conseguiu localizar seu atual advogado.

Apesar de integrar a lista de anotações de Bolsonaro, o nome de Messer não foi mencionado durante a entrevista ao JN. Além do doleiro, o presidente também anotou outras três palavras: “Nicarágua”, “Argentina” e “Colômbia”, seguindo a mesma estratégia usada em 2018.

Uma das hipóteses para que ele tenha anotado o nome do doleiro é uma declaração feita por Messer, em junho de 2020, em delação premiada. O doleiro afirmou ter realizado repasses de dólares em espécie à família Marinho, dona do Grupo Globo, segundo reportagem da revista Veja em agosto do mesmo ano.

Em nota emitida na época, os proprietários da emissora negaram as acusações de Messer e ressaltaram que o doleiro não apresentou provas.

“A respeito de notícias divulgadas sobre a delação de Dario Messer, vimos esclarecer que Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho não têm nem nunca tiveram contas não declaradas às autoridades brasileiras no exterior. Da mesma maneira, nunca realizaram operações de câmbio não declaradas às autoridades brasileiras”, afirmava a nota.

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