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Brasil

Crianças yanomamis são amarradas em Roraima, e associação aponta ação de garimpeiros

A denúncia foi feita pela associação yanomami Hutukara e enviada a órgãos como Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), PF (Polícia Federal), Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Exército e MPF (Ministério Público Federal).

Redação Jornal de Brasília

21/09/2023 17h46

Foto: Reprodução/TV Globo

MARCELO TOLEDO
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS)

Indígenas yanomamis denunciaram nesta quarta-feira (20) ameaças feitas por garimpeiros invasores do território a crianças da etnia, que foram amarradas num poste de madeira na região de Surucucu, em Roraima.

A denúncia foi feita pela associação yanomami Hutukara e enviada a órgãos como Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), PF (Polícia Federal), Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Exército e MPF (Ministério Público Federal).

Nela, a entidade afirma que na última terça-feira (19) recebeu a informação em vídeo de que garimpeiros na região do Hakoma ameaçaram crianças yanomamis e as amarraram depois de tê-las acusado de furtar telefones celulares do grupo.

No meio da mata, segundo a denúncia, garimpeiros ainda intimidaram os membros da etnia ao dizerem que pegariam armas para que confessassem o furto dos eletrônicos.

A Hutukara diz ainda que não tem conhecimento do desfecho das ameaças nem da data exata em que elas ocorreram e pede que as forças de segurança atuem para dar uma rápida resposta. A região é de difícil comunicação e o vídeo foi enviado do Papui, uma área em que há acesso à internet.

Os relatos chegaram ao conhecimento da associação por meio de um sistema de alertas, que tem como objetivo fortalecer a comunicação entre as comunidades da terra indígena e levar os problemas aos órgãos responsáveis mais rapidamente.

O líder yanomami Dário Vitório Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara, qualificou o episódio como de uma “violência brutal”.

Nesta quarta-feira (20), a PF deflagrou a Operação Eldorado em Roraima, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, com o objetivo de prender supostos envolvidos num esquema de contrabando e venda de ouro venezuelano obtido por meio da extração em garimpos ilegais.

De acordo com a PF, quase R$ 6 bilhões foram movimentados no esquema e os principais investigados também teriam elo com a exploração ilegal do ouro na Terra Indígena Yanomani.
Além do garimpo irregular, o povo yanomami também sofreu nos últimos anos com sérios problemas de saúde.
Imagens divulgadas pelos indígenas da etnia no começo do ano mostravam crianças e idosos em situação de desnutrição e precisando de amparo e auxílio médico.
Em novembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), PF e MPF fizeram uma operação para combater suposto desvio de recursos públicos destinados à compra de medicamentos para os yanomamis.

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