Menu
Brasil

Coordenador do Enem sai, após ação do governo e crise interna

O ano passado também foi marcado pela saída de 37 servidores de cargos de coordenação, ligados à realização da prova

Redação Jornal de Brasília

26/01/2022 8h28

Foto: Reprodução

Responsável pela coordenação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Anderson Soares Furtado Oliveira, deixou o cargo nesta terça, 25. Ele estava no posto havia apenas oito meses.

A exoneração, assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, consta no Diário Oficial da União (DOU). Ela foi feita a pedido, segundo o governo. O posto será assumido por Michele Cristina Silva Melo.

O pedido de demissão acontece meses após uma ofensiva do governo sobre o conteúdo do Enem. No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a dizer que a prova passaria a ter “a cara do governo”. Depois de críticas da oposição e até pedidos à Justiça para a suspensão do exame, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou qualquer interferência.

No entanto, como mostrou o Estadão em novembro, servidores relataram pressão para alterar questões. Houve, inclusive, supressão de itens considerados sensíveis para o núcleo ideológico do governo. O clima interno chegou a suscitar pedidos de exoneração em massa de funcionários de carreira do Inep, que viram assédio moral na ofensiva do Executivo.

À época, como revelou a reportagem, Anderson Oliveira, agora fora do comando do Enem, chegou a examinar uma primeira versão da prova de 2021, antes de sua aplicação para estudantes de todo o País.

O ano passado também foi marcado pela saída de 37 servidores de cargos de coordenação, ligados à realização da prova, às vésperas da aplicação do Enem. Esse grupo teria apoio de Oliveira. O presidente do Inep Danilo Dupas – o quarto em três anos – foi acusado pelos funcionários de desmonte do órgão mais importante do Ministério da Educação (MEC), assédio e desconsideração de aspectos técnicos na tomada de decisões.

Sucessão

Em documento obtido por O Globo, em que cita 18 projetos entregues sob sua gestão, Oliveira declara que su compromisso à frente da diretoria “foi de assegurar a robustez técnica dos trabalhos, bem como me dedicar para garantir o direito a educação de qualidade, equitativa e inclusiva, consequentemente, produzir o impacto social”.

Michele Cristina Silva Melo é economista e respondia até agora pela Diretoria de Estudos Educacionais do Inep – “onde executou excelente trabalho desde que assumiu a área, em 26 de abril de 2021”, segundo destacou ontem nas redes sociais o ministro Milton Ribeiro. “A diretora também responde como presidente substituta do Inep, prestando total apoio técnico ao presidente Danilo Dupas em sua importante missão à frente do Instituto.” Ribeiro ainda ressalta que Oliveira saiu a pedido, para “um novo desafio, na Secretaria de Educação do Estado do Paraná”.

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado