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Brasil

Ciclone ameaça planos de venezuelanos no Brasil

O ciclone deixou quase 50 mortos e um número semelhante de desaparecidos em sua passagem há uma semana pelo estado do Rio Grande do Sul

Redação Jornal de Brasília

11/09/2023 13h27

Foto: SILVIO AVILA / AFP

Ani Aponte fugiu da Venezuela com sua família em busca de uma vida melhor no Brasil. Quatro anos depois, seus sonhos de emprego e um cotidiano tranquilo são incertos com a passagem de um ciclone que destruiu seu local de trabalho.

Ani, de 34 anos, trabalhava em um curtume que também empregava seu marido, Yeiferson, em Muçum, a localidade mais afetada pelo ciclone que deixou quase 50 mortos e um número semelhante de desaparecidos em sua passagem há uma semana pelo estado do Rio Grande do Sul.

Porém, a fábrica ficou parcialmente destruída, com máquinas arrastadas pela correnteza, afetando seus quase 500 funcionários, segundo a imprensa local.

“Nossa empresa se perdeu com a água e não sabemos o que fazer. Estamos aguardando”, disse Ani à AFPTV.

A casa que alugam, na parte alta da cidade de cerca de 4.600 habitantes, não foi alcançada pelas inundações, mas a tragédia deixou sem renda o casal que vive com o filho de três anos e outros dois familiares.

Ani também sustenta sua mãe e seu pai doente que vivem com seu filho mais velho, de 12 anos, na Venezuela.

O casal chegou ao Brasil há quatro anos, fugindo da crise econômica da Venezuela. Conseguiu emprego no Rio Grande do Sul, o quarto estado mais rico do país, e há mais de dois anos chegaram a Muçum.

Embora o trabalho com peles seja cansativo, eles levavam uma vida tranquila em família.

“Nem em sonhos”

Nos últimos dias, Ani se ocupa como voluntária em uma igreja, separando roupas para doar aos afetados que em todo o estado somam mais de 150.000.

Ela deu abrigo a outros dois venezuelanos, também funcionários do curtume, que tiveram que abandonar às pressas a casa que alugavam, com água até os joelhos.

Aura García, uma ex-cabeleireira de 57 anos, estava feliz em Muçum apesar do trabalho “pesado”, destacando a baixa criminalidade e ausência de pessoas vivendo nas ruas.

Saiu de seu país porque “não há comida, remédios, trabalho, não há nada” e há cinco anos atravessou a fronteira para o Brasil.

Segundo as Nações Unidas, mais de sete milhões de pessoas deixaram a Venezuela, de cerca de 30 milhões de habitantes, devido à grave crise enfrentada pelo país.

Cerca de 425.000 venezuelanos estão no Brasil, segundo a agência da ONU para a migração, a Acnur.

Luis Enrique Duarte, de 52 anos, está entre os venezuelanos recebidos por Muçum. Após o devastador temporal, todos se perguntam se devem buscar trabalho em outro lugar. Voltar à Venezuela não está nos planos de ninguém. “Nem em sonhos”, enquanto o presidente Nicolás Maduro estiver no poder, afirma Aura.

“Fugimos pela situação econômica e ainda é bem ruim”, disse Ani.

© Agence France-Presse

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