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Brasil

Chuva deixa 11 mortos, alaga ruas, inunda hospital e fecha estações de metrô no Rio

Temporais atingem capital e região metropolitana, e autoridades pedem que pessoas não saiam de casa

Redação Jornal de Brasília

14/01/2024 15h51

Foto: AFP

LEONARDO VIECELI, BRUNA FANTTI E PATRÍCIA PASQUINI
RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Fortes chuvas registradas neste final de semana na zona norte do Rio de Janeiro e em municípios da região metropolitana causaram pelo menos 11 mortes, segundo informações divulgadas na tarde deste domingo (14) pelo Corpo de Bombeiros. Uma pessoa estava desaparecida.

O Corpo de Bombeiros atendeu a cerca de 230 ocorrências relacionadas a chuvas no estado. Também houve registros de transtornos nos sistemas de transporte público e de energia elétrica.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), decretou situação de emergência no município. A decisão foi publicada em edição extra do Diário Oficial na tarde deste domingo.

Paes pediu para que a população, especialmente de bairros da zona norte, evite se deslocar pelas ruas e avenidas da cidade. “Não força a mão, não força ficar passando em área alagada. Você coloca em risco a sua vida, atrapalha os agentes públicos. A previsão é de menos chuva ou chuva mais fraca hoje”, afirmou Paes.

Ele também disse que o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na zona norte, ficou sem energia elétrica. A água inundou o subsolo da unidade de saúde.

Um alagamento chegou a interditar o trânsito em um trecho da avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. O fluxo de veículos foi totalmente liberado no final da manhã, de acordo com o COR (Centro de Operações Rio). A chuva ainda fechou estações de trem e metrô.

Outro impacto dos temporais foi a suspensão de concursos públicos. A Prefeitura do Rio anunciou que as provas dos processos seletivos Acadêmico Bolsista e Projeto Acolher, que aconteceriam neste domingo, foram adiadas. Novas datas devem ser divulgadas em breve.

A capital entrou no estágio 4 do monitoramento de riscos divulgado pelo COR -a escala vai até 5. O nível deste domingo significa que a recomendação é para que a população evite deslocamentos e fique em locais seguros.

IMPACTOS NO TRANSPORTE

A concessionária SuperVia disse que a estação de trens Osvaldo Cruz, na capital, foi fechada para embarque e desembarque em razão dos alagamentos neste domingo.

A operação do metrô também sofreu impacto. As estações Pavuna, Engenheiro Rubens Paiva, Acari Fazenda Botafogo e Coelho Neto foram fechadas temporariamente.

“As equipes de manutenção estão mobilizadas para atuar, após o escoamento da água, e restabelecer o mais breve possível o sistema metroviário”, afirmou o MetrôRio.

Em razão dos alagamentos, a Prefeitura do Rio pediu o cancelamento do ensaio técnico de carnaval previsto para este domingo na Sapucaí. O prefeito Paes ainda afirmou que recebeu uma ligação do ministro Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que teria se colocando à disposição da cidade.

“Estamos prontos para enviar uma equipe da Defesa Civil Nacional para dar apoio no atendimento à população atingida e nos procedimentos necessários para a solicitação de recursos federais”, afirmou Goés, em material divulgado pela pasta. Ainda não há detalhes sobre quantas pessoas comporiam a equipe da Defesa Civil, nem de que outras formas o governo deve auxiliar.

De férias, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou no sábado que estava coordenando secretarias e que estava em contato com prefeituras para “lidar com as intensas chuvas”. Neste domingo, postou nas redes sociais uma mensagem expressando sua solidariedade “às famílias e amigos sete cidadãos que perderam suas vidas”. Ele completou dizendo que “o momento exige união” e que segue “trabalhando para prestar toda assistência e evitar mais perdas”.

FALTA DE LUZ

O temporal ainda deixou moradores do Rio no escuro. A Enel Distribuição Rio afirmou, em nota, que restabeleceu o fornecimento de energia para cerca de 97% dos clientes afetados.

A concessionária disse que ampliou em até quatro vezes o número de equipes em campo (em comparação a um dia comum) para atender todas as ocorrências.

Os atendimentos agora estão concentrados principalmente em São Gonçalo e Niterói, onde as chuvas da noite deste sábado causaram alagamentos e dificultaram o deslocamento das equipes e a execução dos serviços em campo.

Segundo a Prefeitura de Niterói, a cidade registrou um recorde histórico de chuva, com um volume de 120,2 milímetros em uma hora. Vários bairros ficaram alagados. Algumas ocorrências complexas envolvem a reconstrução de trechos inteiros da rede elétrica, incluindo substituição de cabos e postes.
No Rio, a Enel atende 66 municípios -abrange 73% do território estadual. A região de Niterói e São Gonçalo e os municípios de Itaboraí e Magé representam a maior concentração do total de 3 milhões de clientes atendidos pela companhia.

A Light, que também é responsável pelo abastecimento de energia no Rio de Janeiro, disse que as fortes chuvas da última noite impactaram o fornecimento de energia na Ilha do Governador, na zona norte da capital. Houve um defeito em uma das linhas que abastece a região.

Em nota, a concessionária afirmou que está instalando geradores para cargas prioritárias, como hospitais e unidades de saúde. A Light também pediu apoio da CET-Rio para operar o trânsito na região.

Equipes da concessionária foram para o local para reparar o defeito e restabelecer a energia. A empresa já restabeleceu 79% dos clientes e segue atuando na região.

TRAGÉDIAS ANTERIORES

Uma tragédia de proporções semelhantes à deste final de semana no Rio de Janeiro ocorreu em fevereiro de 2023. À época, seis pessoas morreram no estado em decorrência de chuvas.

Em 2022, chuvas devastaram Petrópolis, na região serrana, deixando 235 mortos e dois desaparecidos. Antes, em março de 2013, temporais também atingiram a região serrana do Rio de Janeiro e causaram mais de duas dezenas de mortos.

Dois anos antes, em 2011, a tragédia na região foi tamanha que não foi possível contar, com certeza, o número de mortes. Oficialmente foram 918, mas não há um número consolidado de desaparecidos. As três cidades mais afetadas foram Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.

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