Menu
Brasil

Canais de ciências atraem audiência com conteúdo pop

Agência Estado

08/08/2016 13h02

O que são as emoções? O vírus da zika está relacionado a mosquitos transgênicos? Os dinossauros tinham penas? É com respostas para essas e outras perguntas que pesquisadores e professores universitários têm divulgado a ciência pela internet e atraído a atenção de muitos jovens. Os canais com conteúdo científico, que traduzem a linguagem acadêmica e trazem exemplos da cultura pop, estão até sendo levados para a sala de aula como material complementar.

A plataforma Science Vlogs, criada no início do ano, reúne 26 canais do tipo. Eles somam mais de 2 milhões de usuários e vídeos com mais de 170 milhões de visualizações. “A ideia era agrupar os canais que têm qualidade, produzidos por pessoas com embasamento científico. Há uma procura enorme por esses conteúdos, mas também há muito vídeo de má qualidade e sem conhecimento”, diz Rafael Bento, coordenador da plataforma.

Segundo Bento, a ideia dos youtubers de ciências não é produzir videoaulas, como fazem professores cujo público principal são os vestibulandos, mas trazer um formato descontraído, que fale sobre temas atuais. “Abordamos esses temas que fazem parte do dia a dia porque não queremos falar com quem é iniciado, mas com o público em geral. Nossa luta é para que as ciências atraiam cada vez mais pessoas.”

O Canal do Pirula é um dos maiores, com quase 500 mil inscritos. Biólogo e paleontólogo, Paulo, que não revela o sobrenome, é o responsável pelos vídeos em que aborda desde o Código Florestal até a diferença entre agnósticos e ateus. Segundo ele, alguns assuntos viram vídeos por insistência do público, majoritariamente masculino, de 18 a 35 anos.

“No meu caso, sucesso é sinônimo de dor de cabeça. Ou seja, meus vídeos mais visualizados são também os que mais geraram críticas, discordâncias e incompreensões. Os vídeos sobre homossexualidade ou a questão palestina são sempre lembrados quando alguém quer me xingar”, conta Pirula. Só esses dois vídeos foram vistos mais de 1,1 milhão de vezes.

Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Aline Ghilardi é uma das responsáveis pelo canal Colecionadores de Ossos, sobre paleontologia, que atrai principalmente estudantes de 13 a 25 anos. “Se você quer dialogar com o público geral, tem de falar a língua dele e ir aonde ele está. As mídias audiovisuais estão em alta, são as preferidas do público. Então, temos de aprender essa linguagem e saber traduzir para ela o que nós cientistas temos a dizer.”

Os vídeos com mais visualizações, de acordo com Aline, foram os que falavam sobre o filme Jurassic World e sobre dinossauros com penas. “As pessoas estão carentes de conhecimento e em busca de novas mídias para alimentar seu cérebro.”

O historiador Icles Rodrigues, do canal Leitura ObrigaHistória, gasta de seis horas a dois dias, dependendo do conteúdo, para fazer seus vídeos. “Um deles já foi exibido na disciplina de História Contemporânea na Universidade Regional de Blumenau”, conta.

André Luiz Rabelo, professor do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), começou o canal Minutos Psíquicos por se sentir insatisfeito com o material que achava na internet sobre psicologia. Com ilustrações, ele explica o que é depressão, por que sentimos prazer com determinadas experiências e como o cérebro funciona. “Falo de ciências de forma objetiva, leve, e não fico só no mundo abstrato dos conceitos.”

Rabelo é dos poucos youtubers da área com patrocínio, o que garante maior regularidade em suas publicações. A maioria dos responsáveis por esses canais tem de conciliar a produção dos vídeos com o trabalho acadêmico.

Universidades

Para Bento, a produção científica brasileira muitas vezes fica distante da sociedade porque os canais de comunicação não são os mais adequados. As universidades usam sites oficiais e canais de TV universitários para divulgar o que é produzido por seus pesquisadores.

“A universidade está atrás, algumas começaram a montar neste ano uma rede de blogs. O problema é que quase mais ninguém lê blog. Isso mostra que elas (as instituições) não têm quem entenda do assunto de divulgação e extensão.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadao Conteudo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado