Da Redação
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A barragem do Quati, em Pedro Alexandre (a 435 km de Salvador), transbordou por volta de 11h de ontem após fortes chuvas que atingiram a cidade, que fica na divisa entre Bahia e Sergipe. A água inundou casas, bloqueou estradas e fez com que 350 famílias fossem retiradas de suas casas em Coronel João Sá, cidade vizinha que fica abaixo da barragem.
Cerca de 40% da área urbana da cidade, que tem 17 mil habitantes, está submersa. Não há registro de feridos e vítimas. “Muito difícil a situação, estamos no meio de um caos. No centro da cidade, a água está batendo em nossa barriga”, afirmou Diego Santos, chefe da Defesa Civil de Coronel João Sá.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito do município, Carlos Sobral, pediu que os moradores deixassem suas casas. “É uma situação atípica e nós não sabemos das consequências. Eu peço encarecidamente a todas as pessoas que morem nas áreas de risco que saiam de suas casas”, afirmou.
Em Pedro Alexandre, foram atingidas apenas três casas nas proximidades da barragem. As famílias já foram retiradas do local. Os dois acessos viários para a barragem foram tomados pela água.
A barragem foi construída pelo Governo da Bahia em 2000 e era mantida pela Associação de Moradores da Comunidade de Quati. Sua fiscalização era de responsabilidade do Inema, órgão ambiental do estado.
Em nota, o Governo da Bahia informou que a barragem transbordou, mas não chegou a romper. Horas antes, contudo, o próprio governo, por meio do seu diretor de Defesa Civil, informou que uma parte da barragem havia rompido.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), manifestou solidariedade aos moradores e informou que irá visitar Coronel João Sá e Pedro Alexandre nesta sexta-feira.
Agentes dos bombeiros, da Defesa Civil e do Inema foram mandados ao local. Também serão enviados mantimentos e água para os desabrigados, que estão em cinco escolas de Coronel João Sá.
Em nota, o ministério do Desenvolvimento Regional informou que acompanha a situação e vai designar técnicos para monitorar os trabalhos e auxiliar equipes locais. O presidente Jair Bolsonaro acompanha o acidente.
Preocupação com acidente era antiga
A cidade de Pedro Alexandre fica no nordeste baiano, perto da divisa com Sergipe, a 45 km de Coronel João Sá. Neste município, os desalojados fazem parte de cerca de 120 famílias que moram às margens do Rio do Peixe, que corta a região. Segundo informações do G1, a água que vazou da barragem seguiu o curso do rio e, por volta das 15h30, chegou a João de Sá.
O percurso do rio entre as duas cidades é de cerca de 80 km. Não há informações da velocidade que a água chegou ao local. Com transbordamento da barragem, aulas foram suspensas e famílias realocadas em Coronel João Sá.
Desde o início da manhã, a administração da cidade, que fica em um nível abaixo da barragem e é cortado pelo Rio do Peixe, pediu para que as famílias que moravam às margens do rio deixassem o local. Muitas resistiram.
De acordo com informações da prefeitura, Coronel João Sá já tinha áreas alagadas, mas por conta da chuva. A preocupação adicional era justamente com a enxurrada provocada pelo transbordamento da barragem do Quati.
Saiba mais
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais localizou mais um corpo de vítima do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da empresa Vale, em Brumadinho (MG).
Com a localização, sobe para 248 o número de óbitos contabilizados. O corpo, no entanto, não foi identificado. Segundo nota do Corpo de Bombeiros, “o estado de decomposição não permite identificar o sexo ou idade provável da vítima. O corpo foi encontrado sem um dos membros inferiores”. Agora são 22 os desaparecidos.
O corpo foi localizado na área Remanso 2, elencada como de “alta relevância” para as buscas que continuam na região. Os bombeiros fizeram uso de informações prévias e cruzamento de dados para chegar ao corpo. “O corpo foi encontrado a três metros de profundidade, após trabalho de escavação (…) com apoio de máquinas pesadas”, descrevem os bombeiros mineiros.