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Brasil

Aplicativo citado por presidente não alfabetiza sozinho, dizem especialistas

O aplicativo Graphogame é um jogo para celular que não tem efeito na aprendizagem se for usado pelo aluno sozinho

Redação Jornal de Brasília

18/10/2022 8h37

Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

Mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate de neste domingo, 16, na Band como alternativa para resolver o déficit da alfabetização no Brasil após a pandemia, o aplicativo Graphogame é um jogo para celular que, segundo especialistas e pesquisas realizadas em outros países, não tem efeito na aprendizagem se for usado pelo aluno sozinho.

O Graphogame foi desenvolvido por empresa finlandesa e o Ministério da Educação, na gestão de Milton Ribeiro, pagou R$ 274,5 mil à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) para que fosse traduzido, em 2020.

Bolsonaro falou sobre o app ao ser questionado no debate sobre educação. “O nosso ministro da Educação tem um aplicativo, chama-se Graphogame. Em um celular, baixa o aplicativo, e a garotada fica assim, letra A, aparece o som de A. No tempo do Lula, a garotada levava três anos para ser alfabetizada. Agora, leva seis meses”, disse. De acordo com especialistas, o tempo ideal para a alfabetização plena é de até dois anos.

O aplicativo faz parte hoje do programa de alfabetização oficial O governo, no entanto, não realizou formações para que professores pudessem aprender a utilizá-lo em sala. O MEC alegou que, “por ser de uso intuitivo, não é preciso realizar um curso específico”.

Efeito

Estudo de pesquisadores noruegueses e publicado em 2020 mostra que o Graphogame não tem “nenhum efeito significativo” na leitura de palavras se usado pela criança sozinha. Secretário de Educação de Sobral (CE), Hebert Lima, disse que avaliou o Graphogame e decidiu não usar. “Há mensagens nada lúdicas, como o canhão atirando.” Em uma das atividades, a criança precisa jogar uma bomba de canhão na resposta que considera certa.

O MEC disse que o app é ferramenta de apoio que complementa, e não substitui, o professor.

Estadão Conteúdo

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