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Brasil

Angra dos Reis busca desaparecidos e pede desligamento de usinas nucleares

O motivo é o bloqueio das estradas de acesso a Angra dos Reis, o que dificultaria, em caso de necessidade, ações de emergência

FolhaPress

03/04/2022 15h24

Foto: Divulgação / Eletronuclear

Leonardo Vieceli

Após os estragos causados pelas fortes chuvas no estado do Rio de Janeiro, equipes de resgate fazem buscas neste domingo (3) a desaparecidos em Angra dos Reis (a cerca de 150 km da capital fluminense). Seriam ao menos sete pessoas, segundo a prefeitura e relatos de moradores.

A administração municipal pediu ao governo federal o desligamento temporário das usinas nucleares localizadas na cidade da Costa Verde. O motivo é o bloqueio das estradas de acesso a Angra dos Reis, o que dificultaria, em caso de necessidade, ações de emergência, diz a prefeitura.

A cidade é, ao lado de Paraty (a 240 km da capital), uma das mais afetadas pelos temporais registrados no Rio de Janeiro desde quinta-feira (31). Até a manhã deste domingo, a Prefeitura de Angra dos Reis havia confirmado oito mortes. As vítimas foram quatro crianças e quatro adultos.

Conforme a administração municipal, os óbitos ocorreram no bairro de Monsuaba, onde pelo menos seis casas foram atingidas por um deslizamento de terra. Três pessoas ainda estavam desaparecidas na localidade, diz a prefeitura, a partir de relatos de familiares. Os trabalhos de busca continuam ao longo do domingo.

Outro ponto de Angra dos Reis bastante castigado pelas chuvas é Ilha Grande. As comunidades locais mais afetadas foram as de Araçatiba, Vermelha, Provetá, Abraão e Aventureiro.

Todas tiveram deslizamentos de terra e de blocos de pedra. A Praia de Itaguaçu, ao lado da praia Vermelha, foi praticamente soterrada. De acordo com relatos de moradores da região, havia quatro pessoas desaparecidas até a manhã deste domingo.

Usinas

Em Angra dos Reis, choveu em 48 horas o equivalente a 655 milímetros no continente e a 592 milímetros em Ilha Grande. Segundo a prefeitura, são índices jamais registrados anteriormente. Deslizamentos de terra também provocaram bloqueios na BR-101 (Rio-Santos), na RJ-155 e na Estrada do Contorno.

Com as barreiras nos acessos ao município, o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, disse que pediu o desligamento temporário das usinas nucleares da cidade. “Pedi ao ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, o desligamento das usinas nucleares de Angra. Com as estradas fechadas por causa das chuvas, estamos ilhados!”, escreveu Jordão nas redes sociais.

“Em caso de necessidade, não teremos como colocar em prática o plano de emergência enquanto as principais vias de acesso ao município estiverem interditadas”, completou.

Eletronuclear contesta versão

A Eletronuclear rebateu a prefeitura. Segundo a subsidiária da Eletrobras, as usinas nucleares Angra 1 e 2 estão operando normalmente, com capacidade total, já que as atividades não foram afetadas pelas fortes chuvas.

A companhia afirma que o plano para o caso de uma eventual emergência não está comprometido pela queda de barreiras nas estradas da Costa Verde. “Primeiramente, é preciso explicar que, se fosse necessária, a evacuação de trabalhadores da empresa e da população seria feita pela BR-101 RJ Sul, tanto no sentido de Angra dos Reis quanto no de Paraty. Acontece que as obstruções verificadas nessa estrada estão fora das Zonas de Planejamento de Emergência (ZPE) previstas no PEE [Plano de Emergência Externo]”, diz a Eletronuclear.

A empresa também relata que, em caso de emergência, a evacuação poderia abranger pessoas localizadas em um raio de até cinco quilômetros, que seriam levadas para abrigos situados a até 15 quilômetros das usinas. “Esses abrigos também não foram atingidos pelas chuvas ou por deslizamentos de terra. Dessa forma, no momento, a ação poderia ser realizada com total eficácia”, afirma.

A estatal diz ainda que a Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear)?, órgão regulador e fiscalizador do setor nuclear brasileiro, emitiu nota afirmando que, “apesar da situação decorrente das condições meteorológicas na região de Angra dos Reis, até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da central que pudessem impactar na execução do Plano de Emergência”.

RJ tem ao menos 16 mortes

Até a manhã deste domingo, o estado do Rio de Janeiro tinha contabilizado pelo menos 16 mortes devido aos temporais. Além das oito vítimas em Angra, houve registro de sete óbitos em Paraty. As vítimas no município foram uma mãe e seis filhos, com idades entre 2 e 17 anos.

Mesquita, na região metropolitana do Rio, também teve uma morte. Um homem morreu eletrocutado na região central da cidade.

Em fevereiro, o Rio de Janeiro viveu outro desastre por causa das chuvas. Na ocasião, o município serrano de Petrópolis foi devastado com o registro de deslizamentos e inundações. Mais de 200 pessoas morreram.

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