Ribeirinhos no Amapá temem danos irreversíveis após a morte de mais de duas toneladas de peixes e outros animais que foram retirados do Rio Amapari desde o último fim de semana. Mal-estar, dor de cabeça e enjoo, além da incerteza e da preocupação, passaram a fazer parte da rotina dos ribeirinhos da comunidade de Xivete, no município de Pedra Branca do Amapari.
A região, que depende da pesca para manter vivos seus moradores, foi a primeira a sentir o impacto mortandade de peixes e outras espécies que acontece nos últimos dias de forma misteriosa no curso do Rio Amapari, o principal da região.
Mais de 2 toneladas de animais mortos foram retiradas do leito do rio desde os primeiros registros no sábado (27). Além do pescado, foram afetados mamíferos aquáticos, répteis e aves.
A prefeitura do município suspendeu a pesca e o consumo da água do rio, até que sejam divulgados os resultados do laudo técnico, ainda inconclusivos. Toda a população da região é abastecida com água mineral. O motivo da mortandade é investigado e pode estar associado à exploração mineral.
Edvan Souza da Silva, de 53 anos, é morador da comunidade há 20 anos, dos quais 14 são dedicados à pesca, principal fonte de renda da família. O pescador conta que se mudou da casa em que vivia com a esposa e os 5 filhos, por não suportar o odor desagradável do lugar. “Nunca tinha acontecido isso. Fui atingido pelo desmatamento feito por uma empresa dentro do meu terreno e agora mais essa da morte dos peixes. Está tudo poluído”, conta Edvan ao G1.
O morador acredita que o vazamento de substâncias usadas na extração de minério, atividade que ocorre de forma legal e ilegal na região, é a principal causa da contaminação do rio. “Creio que tenha sido algum minério ou produto que eles usam que deva ter vazado e caído no braço do rio. Morreu cobra, peixe e até lontra”, diz.