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Pastor mantinha índios em situação de escravidão

Segundo a investigação eram obrigados a trabalhar, não tinham salário e eram impedidos de ter contato com outras pessoas

Redação Jornal de Brasília

14/01/2022 11h09

Beatriz Souza
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Um pastor e a esposa dele foram indiciados pela Polícia Civil e vão responder pelo crime de reduzir à condição análoga a de escravo dois primos indígenas, de 15 e 19 anos. Os jovens foram retirados da aldeia onde viviam, no interior do Pará, para trabalhar vendendo melancias em Porto Grande, na região central do Amapá.

Os nomes dos indiciados e dos indígenas não foram informados. Os primos moravam com o casal desde setembro de 2021 e segundo a investigação eram obrigados a trabalhar, não tinham salário e eram impedidos de ter contato com outras pessoas.

Os dois jovens disseram que esse pastor passou uma temporada na aldeia deles e os convenceu a vir para Porto Grande com a promessa de que poderiam estudar (…). “Passavam fome, não podiam parar nem para ir ao banheiro, dormiam em condições precárias, enquanto o pastor e sua esposa se aproveitavam da situação”, detalhou o delegado Bruno Braz, da delegacia de Porto Grande.

O crime foi descoberto após o próprio pastor ir ao Conselho Tutelar pedir ajuda para que os jovens retornassem para casa, pois estavam com uma vizinha que descobriu a situação da escravidão e os abrigou.

“O Conselho Tutelar acionou a Funai [Fundação Nacional do Índio] que, com o apoio da Prefeitura de Porto Grande, encontrou os dois indígenas e os apresentou na delegacia”, detalha a Polícia Civil.
Segundo a corporação, o pastor e a esposa negaram as acusações e alegaram que passaram a ter afeto pelos indígenas e buscavam “dar uma vida melhor a eles”.

“As condições precárias eram no dia a dia, trabalho constante, sem folga, sem salário, na rua, monitoramento e vigilância, pouca alimentação. Cerca de 10 horas por dia”, completou o delegado.

Além da acusação pela condição de escravidão, o casal foi indiciado por subtração de incapazes, pois segundo a polícia, não tinham nenhum documento ou autorização para retirar os jovens da aldeia. O pastor e a esposa respondem em liberdade.

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