Um homem de 40 anos foi preso pela equipe policial liderada pelo delegado Marcelo Gonçalves, após matar sua esposa, de 39 anos, por estrangulamento e forjar seu suicídio no apartamento em que viviam na Vila Mathias, em Santos, no litoral de São Paulo, em abril do ano passado. De acordo com Gonçalves, o cenário do crime foi manipulado para parecer que a mulher tinha tirado a própria vida.
“O marido afirmava que encontrou a vítima de bruços, com um pano e um laço na parte de trás do pescoço, sugerindo um suicídio. No entanto, os laudos indicaram que a vítima sofreu várias lesões”, explicou o delegado.
Os laudos revelaram que as marcas no corpo da vítima foram causadas em três ocasiões: nos dias 15 e 16 de abril, data em que foi encontrada morta. Com base nesse quadro, a Polícia Civil concluiu que a versão apresentada pelo marido não era consistente. Além disso, o laudo do IML indicou que a vítima estava sob efeito de álcool e zolpidem, um medicamento indutor do sono.
“Essa substância deixa a pessoa atordoada. Durante o interrogatório, perguntei se ele testemunhou sua esposa sob efeito do medicamento. Ele afirmou que sim, que ela ficava ‘grogue’. Perguntei como alguém poderia causar tantas lesões e ainda cometer suicídio sem força, e ele não soube responder”, acrescentou Gonçalves.
Após a análise das provas, os policiais do 2° Distrito Policial de Santos concluíram que o caso se tratava de um feminicídio, descartando cientificamente a possibilidade de suicídio. “O pano apresentava manchas de sangue, a vítima tinha uma ferida perfurante e nos laudos foi observada a presença de sangue na parede, indicando um esguicho”.
Segundo o delegado, o perito que examinou o local do crime não encontrou nenhum objeto compatível com as lesões apresentadas pela vítima. “Na nossa opinião, o pano não foi utilizado, mas sim outro instrumento para o estrangulamento”.