A filha adolescente de José Ferreira dos Santos Neto fez aniversário três dias após ele receber alta do hospital. José, que tem de 37 anos, havia sido diagnosticado com a Covid-19, mas está curado. Mesmo assim, para não expor a filha à doença, ele preferiu comemorar a data do outro lado da rua, onde a menina, de 13 anos, mora.
José realiza atividades de cunho social e entrega alimentos a pessoas que vivem nas ruas. Devido à doença, ele teve que suspender as ações por um tempo. Ele relatou que durante a pandemia precisou trabalhar, por ocupar um cargo de natureza essencial.
O diagnóstico da Covid-19 chegou na segunda quinzena de abril. José teve contato com uma pessoa contaminada pela doença e passou a sentir fortes dores de cabeça. Ele também relatou cansaço ao subir escadas, o que nunca havia acontecido antes.
José foi afastado do trabalho e cumpriu toda a quarentena na residência onde mora, com a atual esposa. No dia 2 de maio, era aniversário da sua filha e ele já havia recebido alta médica há três dias.
A filha de José mora com a mãe, na Zona Noroeste de Santos-SP. No dia do aniversário da adolescente, ele foi até o local, com todos os equipamentos de segurança necessários, e parou do outro lado da casa em que a filha mora. “Eu a chamei e falei: ‘papai te ama, vai dar tudo certo, pode ficar tranquila que logo nos abraçaremos novamente. Cantei ‘parabéns’ e segurei o choro para que ela não visse. Fui embora depois de alguns minutos, com o sentimento de dever cumprido”, relatou ao Portal G1.
“Me emocionei de estar feliz, porque eu estava ali, vivo. Porque eu estava, apesar de tudo de ruim que está acontecendo no mundo e de não poder abraçá-la, comemorando com ela mais um ano de sua vida. E é para essas coisas que temos que dar muito valor. Foi um dia muito importante. Ela [filha] ficou bem feliz”, disse.
Após o encontro consciente, em meio a pandemia do novo coronavírus, José continuou entrando em contato com a filha por meio de videochamadas. Ele reforça a importância do isolamento. “É o momento de termos consciência de que o isolamento é importante para todos. Não podemos pensar apenas em nós, mas também no coletivo”, finaliza.
