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Brasileira sobrevivente de guerra na Síria e terremoto na Turquia recomeça vida no Ceará

A enfermeira, que prestava serviço humanitário na Turquia, relatou que a intenção dela era ter ficado para ajudar voluntariamente outras pessoas, mas precisou deixar o país por questão de sobrevivência

Redação Jornal de Brasília

16/02/2023 11h07

Foto: Reprodução

A cearense Aminah Nahan, sobrevivente do terremoto que atingiu a Turquia e a Síria em 6 de fevereiro, revelou que se sente feliz por voltar ao Brasil após a tragédia. Contudo, a enfermeira, que prestava serviço humanitário na Turquia, relatou que a intenção dela era ter ficado para ajudar voluntariamente outras pessoas, mas precisou deixar o país por questão de sobrevivência.

Aminah conta que pretende voltar a fazer os trabalhos de auxílio que fazia na Turquia. Contudo, neste momento é ela e o marido que precisam de ajuda. Ela voltou à Missão Velha, cidade cearense onde já morou, e lá vai tentar recomeçar a vida ao lado do companheiro, que trabalhava em construção civil. Os dois perderam todos os bens com o desastre. “O mais importante é que meu marido consiga um trabalho”, diz em entrevista a TV Globo.

A enfermeira, o marido e outros 15 sobreviventes foram trazidos ao Brasil no último domingo (12) por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

O número de mortes devido ao terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a Turquia e a Síria passou da cruel marca de 40 mil pessoas nesta terça-feira (14). O balanço total de número de mortes atual é de 41.232. Na tarde desta terça, o governo turco afirmou que o número de vítimas no país aumentou para 35.418. Na Síria, há 5.814 mortes registradas.

“Pra mim, foi muito difícil ter que vir embora. Estou feliz por estar aqui, por estar viva e pelo livramento que Deus nos deu a mim e ao meu marido, mas ao mesmo tempo dói muito você ter que deixar pessoas para trás. Porque a minha intenção era ficar para fazer os trabalhos humanitários”, contou Aminah.

A enfermeira, casada com um sírio da cidade de Khan Sheikhun, destruída por bombardeios, morava há oito anos no Oriente Médio. A princípio, morou na Síria, mas por conta da guerra, buscou refúgio na Turquia com o marido.

Ela teme pela situação dos sobreviventes principalmente na Síria, onde ela diz que a chegada de ajuda é mais demorada.

“O trabalho é constante, desde aferir uma pressão arterial a de repente dar apenas orientação. E é difícil porque a maioria dos profissionais de saúde têm a vontade mas não tem o material. E também o socorro para eles é mais demorado, é menor. Agora, felizmente por motivo dessa tragédia na Turquia e na Síria, me parece que está chegando um pouco mais de auxílio. É preciso que as pessoas olhem com mais atenção para o povo sírio, o povo turco, e espero que em breve tudo possa voltar ao normal. Claro, com muita dor, muitos traumas, vai ficar um rastro muito ruim mas a gente tem que ser forte e seguir em frente”.

Momento do terremoto


Aminah relatou momentos de horror vivenciados por ela e pelo marido durante o terremoto. Ela foi acordada pela gata de estimação, que estava assustada. Pouco depois, o prédio em que Aminah morava chacoalhou, e “o pânico tomou conta dos moradores”, que desabou em seguida.

Ela relata que tentou ficar em pé para se equilibrar quando foi alertada pelo marido de que se tratava de um terremoto.

“Ele já tinha passado por isso. Durou mais ou menos um minuto e meio, mas eu espero que nunca ninguém passe por essa experiência. O prédio continuou balançando e depois começou uma trepidação. Era como se tivesse a terra toda revirando, como se tivesse um bicho, alguma coisa revirando toda a terra. Eu continuei fazendo oração com meu marido perto de mim e quando melhorou um pouco eu fui acordar as pessoas. Todos começaram a correr, consegui acordar as crianças, retirar os idosos [do prédio] e na saída a gente ficou na calçada. Aí começou o pânico de toda a população”, lembrou.

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