Uma boneca travesti feita sob encomenda em São Paulo deixou a dona e vários de seus seguidores emocionados ao ser apresentada num vídeo em uma rede social.
Ao receber a boneca, Bárbara Iara Hugo, de 34 anos, relembrou a infância quando brincava “escondida e cheia de medo”, para agora finalmente se ver representada em uma boneca de verdade.
No relato publicado com o vídeo, Bárbara se diz apaixonada pela boneca e a descreve como um “sonho-conquista”. A publicação recebeu elogios e respostas emocionadas.
A relação com a figura da sereia vem desde a infância sendo incorporada por Bárbara em sua transição, quando escolheu Iara como seu segundo nome — remetendo à sereia do folclore brasileiro.
Ela vê agora que pode ser inspiração para outras pessoas que tiveram ou têm uma infância com experiências parecidas com as suas.
Boneca de tricô
A boneca foi feita sob encomenda pela artista Mari Kazi, que Bárbara conheceu por indicação de uma amiga. Foi 3 meses para ser concluída. “[Boneca] trans, é a primeira que eu faço. Eu trabalho com esse projeto de crochê em que eu represento as pessoas, e pra mim é muito gratificante fazer parte dessas histórias; já fiz bastante coisa para a comunidade LGBTQIA+. E eu acredito que seja o primeiro ‘amigurumi’ trans. Não vi nenhum [outro] até agora”, conta Mari.
“Amigurumi” é o estilo do boneco de tricô, que se origina da junção das palavras japonesas “ami” (malha ou tricô) e “nuigurumi” (bichos de pelúcias). O termo nasceu no Japão na década de 1980, explica a artista, que desenvolve projetos com essa técnica há 9 anos.
Mari usa fotos para fazer a representação em 3D da pessoa e conta que a formação em exatas (ela também é engenheira florestal) também ajuda no processo de criação. Na boneca de Bárbara, ela acrescentou detalhes como o cabelo, a cauda e o biquíni nas cores da bandeira trans (azul, rosa e branca) e duas pintas sob os olhos.