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Sobreviventes e familiares de mortos em incêndio revivem tragédia no Paraguai

Arquivo Geral

01/08/2007 0h00

Os sobreviventes e familiares das vítimas do incêndio num supermercado na cidade de Assunção, visit this site no Paraguai – que aconteceu há três anos e deixou mais de 360 mortos -, fizeram hoje um ato no local da tragédia para lembrar dos momentos de dor vividos.

Cerca de mil pessoas, entres elas parentes dos mortos, sobreviventes e outras que ficaram feridas no acidente, reuniram-se diante dos restos do edifício do supermercado Ycuá Bolaños, num bairro populoso da capital. O prédio foi destruído por um incêndio em 1º de agosto de 2004.

“Estamos aqui, esperando o dia em que poderemos dizer a nossos entes queridos e vizinhos que deixaram de existir naquele 1º de agosto, que cumprimos nossa palavra e que obtivemos da Justiça o que eles merecem”, disse à agência Efe Roberto Almirón, que perdeu um filho no incêndio.

O ato teve um culto ecumênico e um recital. Num momento cheio de emoção, os sobreviventes e familiares deram as mãos e formaram o que chamaram de “muralha humana contra a impunidade e o materialismo”.

Às 11h20 pela hora local (12h20 em Brasília), sirenes de ambulâncias e carros de bombeiros ressoaram em toda a região, marcando a hora em que começou o incêndio.

“Eu perdi minhas três filhas, de 12, 9 e 4 anos”, disse Felipe Palacios, chorando.

O sobrevivente, que sofreu queimaduras em 35% do corpo, relatou que acordou 16 dias após a tragédia numa sala de tratamento intensivo, onde a esposa contou da morte das três filhas.

“Minha maior exigência é que se faça justiça. Não me interessa a vingança. Quero que o Estado paraguaio se inteire de toda a dor e do sofrimento que estamos sentindo”, acrescentou.

Cinthia de Vargas, que perdeu o marido, de 28 anos, lembrou que naquele dia ele a acompanhou até o trabalho dela e em seguida foi sozinho fazer compras, já que comemoraria naquele dia o aniversário de 29 anos dele.

Os sobreviventes e familiares voltaram a exigir que o novo julgamento contra os acusados pelas mortes comece dentro de uma semana – como está previsto. O primeiro processo foi anulado em dezembro de 2006.

“Neste terceiro aniversário, voltamos a nos encontrar com as mãos vazias de justiça, mas cheias de luta e de esforço para conseguir que as mortes de nossos entes queridos não sejam em vão neste país”, disse Liz Torres, outra sobrevivente e dirigente da Associação de Vítimas do Ycuá Bolaños.

O dono do supermercado, Juan Pio Paiva, o filho dele, Víctor Daniel Paiva, e um dos seguranças do estabelecimento, Juan Areco, são acusados pelos crimes de homicídio e exposição de pessoas ao perigo no local de trabalho.

O primeiro julgamento começou em julho de 2006 mas foi cancelado pela Corte Suprema em dezembro. O motivo foi a reação violenta entre os familiares, ao ser divulgado que dois dos três juízes impuseram penas mais leves pelos crimes, o que levaria a uma pena máxima de cinco anos de prisão.

A Promotoria tinha pedido uma condenação por homicídio doloso, de até 25 anos, argumentando que as portas do local foram fechadas por ordem dos donos quando o fogo começou, para evitar saques ou que os clientes saíssem sem pagar.

“Nossa luta vai muito além de só uma condenação máxima. O que buscamos é que se exalte o direito à vida, às vidas que foram tiradas com o traiçoeiro fechamento das portas”, disse Torres.

O argentino Diego Rozengardt, que perdeu o irmão Julián, de 18 anos, no incêndio que tirou a vida de 193 pessoas em 30 de dezembro do mesmo ano na discoteca “República Cromañón”, em Buenos Aires, também participou do ato.

“Nós nos vemos refletidos nos irmãos paraguaios porque também sofremos na pele a dor de uma tragédia similar”, declarou Rozengart.

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