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‘Morte aos EUA!’: iranianos querem vingar seu ‘herói’

O Irã jurou “vingar severamente” a morte de um dos seus principais comandantes, de 62 anos, assassinado em um ataque americano cometido com um drone

Redação Jornal de Brasília

06/01/2020 13h29

A pictures of slain Iranian military commander Qasem Soleimani is seen during a ceremony at the Iranian Consulate in Quetta on January 6, 2020. – A US drone strike killed top Iranian commander Qasem Soleimani at Baghdad’s international airport on January 3, dramatically heightening regional tensions and prompting arch enemy Tehran to vow “revenge”. (Photo by Banaras KHAN / AFP)

“Esta é nossa mensagem para os Estados Unidos: vamos atacar vocês”. Foi assim que a multidão reunida em Teerã para se despedir de seu “herói” Qassem Soleimani clamou vingança e uma “resposta devastadora” contra os Estados Unidos.

Pessoas de todas as idades, sexo e condições paralisaram o centro da capital iraniana para prestar uma última homenagem ao dirigente da Força Quds, dos Guardiães da Revolução, encarregado das operações exteriores do Irã.

“Vamos fazer vocês pagarem o sangue vertido por sua culpa”, afirmou Mehdi Ghorbani, que chegou acompanhado de mulher e filho, de Karaj, uma cidade a cerca de 40 quilômetros de Teerã.

“Os Estados Unidos deveriam saber que começaram isso, mas nós vamos terminar”, completou.

O Irã jurou “vingar severamente” a morte de um dos seus principais comandantes, de 62 anos, assassinado em um ataque americano cometido com um drone na sexta-feira, perto do aeroporto internacional de Bagdá.

“Foi um herói. Venceu o Daesh (acrônimo do grupo Estado Islâmico em árabe) no Iraque e na Síria”, disse uma jovem à AFP. “O que os Estados Unidos fizeram é um crime”, completou.

“Estou aqui para chorar seu martírio. Tem que ter uma resposta, mas não queremos guerra. Ninguém quer uma guerra”, frisou.

Segundo a televisão pública, milhões de pessoas participaram da cerimônia em Teerã.

Visivelmente emocionado, o guia supremo, aiatolá Ali Khamenei, fez uma breve oração em árabe diante dos caixões de Soleimani, do iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis, número dois do Hashd al-Shaabi (os paramilitares iraquianos pró-iranianos) e quatro iranianos mortos no ataque. Na sexta-feira, Khamenei prometeu uma “vingança severa”.

Devido à multidão, muitos iranianos não conseguiram sair das estações de metrô, segundo a agência de notícias ISNA. Muitas pessoas estavam bloqueadas nas ruas adjacentes, no entorno da avenida Enghelab (“Revolução), o principal itinerário do cortejo fúnebre.

– Contra as bases americanas –

Em uma rua, um garoto sobe uma árvore para ver se é possível passar. Aproveita para gritar “Morte aos Estados Unidos”. Outros o acompanharam.

“Morte aos infiéis” e “Morte aos Saud”, a família reinante na Arábia Saudita, país rival do Irã e aliado dos Estados Unidos, eram outras palavras de ordem que ecoavam entre os iranianos.

Um grupo de adolescentes carregava um cartaz que dizia “O sapato de haj Qassem vale mais do que a cabeça de Trump”.

Outras pessoas em luto reivindicam a expulsão das forças americanas.

“Nossa resposta deve ser devastadora”, disse um empresário de 61 anos.

“Temos que atacar qualquer base americana na região. Temos que atacar tudo o que esteja ao alcance dos nossos mísseis”, defendeu, acrescentando que “expulsar os americanos (do Iraque) não basta”.

Trump: “o Irã nunca terá armas nucleares”

 REUTERS/Carlo Allegri

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que não permitirá que o Irã tenha armas nucleares, um dia depois de Teerã anunciar sua decisão de ignorar os limites impostos ao seu programa de enriquecimento de urânio.

“O Irã nunca terá a arma nuclear”, escreveu no Twitter em letras maiúsculas o presidente Trump, que retirou os Estados Unidos em 2018 de um acordo nuclear alcançado em 2015 entre a República Islâmica e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), além da Alemanha.

Agence France-Presse

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