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Ex-aliado de Trump, Boris Johnson sugere a Biden aliança para ‘proteger o planeta’

Os EUA são um dos principais parceiros do Reino Unido, e os países começaram a negociar um acordo comercial na gestão anterior, cuja importância cresceu após o brexit

Redação Jornal de Brasília

20/01/2021 10h18

Ana Estela de Sousa Pinto
Bruxelas, Bélgica

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, felicitou “calorosamente Joe Biden por sua histórica posse como 46º presidente dos Estados Unidos” e afirmou que espera trabalhar “de perto com a nova administração enquanto derrotamos a Covid-19 e nos recuperamos melhor da pandemia”.

Identificado como aliado ideológico do ex-presidente Donald Trump antes da pandemia de coronavírus, Boris adotou caminhos distintos em temas como saúde, ambiente e multilateralismo, e tenta agora se aproximar da nova gestão americana. Os EUA são um dos principais parceiros do Reino Unido, e os países começaram a negociar um acordo comercial na gestão anterior, cuja importância cresceu após o brexit.

No comunicado desta manhã, Boris citou como objetivos comuns, além da luta contra o Sars-Cov-2, o combate às mudanças climáticas, a promoção da democracia e as áreas de defesa e segurança. O governo britânico espera azeitar as relações com a administração democrata antes da próxima reunião do G7, marcada para junho na região da Cornualha, no sudoeste inglês.

“Estou ansioso para recebê-lo em Carbis Bay para o G7 e em Glasgow [Escócia] para a [reunião sobre o clima] COP, enquanto unimos forças para proteger nosso planeta. Somente por meio da cooperação internacional podemos realmente superar os desafios comuns que enfrentamos”, declarou Boris.

O realinhamento dos EUA às políticas globais de proteção ambiental, como o Acordo de Paris contra a mudança climática, é uma das consequências mais esperadas da mudança na presidência americana em toda a Europa.

A União Europeia aprovou a escolha do ex-secretário John Kerry como o responsável pelo tema, e espera que Biden adote políticas semelhantes às suas. Entre os projetos semelhantes estão o compromisso de zerar a emissão líquida de gás carbônico até 2050 e a possibilidade de criar um imposto sobre o carbono nas fronteiras dos EUA, para desincentivar a concorrência de produtos que agridem o ambiente.

Já nesta semana é esperada uma conversa de Kerry com Frans Timmermans, vice-presidente da UE para o Green Deal (estratégia ambiental do bloco). O bloco europeu também espera uma decisão sobre a disputa entre a Boeing e a Airbus, que deve ser um dos primeiros temas de comércio internacional a ocupar a equipe de Biden. Sob Trump, os EUA impuseram tarifas sobre US$ 7,5 bilhões em importações europeias, incluindo os aviões da Airbus. A UE, em seguida, acusou os EUA de subsídios ilegais à Boeing e impôs tarifas sobre US $ 4 bilhões em importações dos EUA, incluindo aviões.

O comissário da UE responsável por comércio, Valdis Dombrovskis, disse nesta terça (19) que as duas partes vão trabalhar para retirar ou suspender as tarifas. Dombrovskis também se disse otimista com a troca de governo nos EUA: “Biden é um grande defensor do multilateralismo e de alianças internacionais”.

O otimismo porém deve ser acompanhado de paciência, já que o novo presidente americano deixou claro em sua campanha que sua prioridade será refortalecer a indústria americana. Medidas ousadas em direção à liberação do comércio não são esperadas nos primeiros meses.

Outra área da União Europeia que vê com bons olhos a chegada de Biden é a de concorrência e política digital, bombardeada por Trump principalmente pelas tentativas de regular e tributar as gigantes americanas de tecnologia. O ex-presidente ameaçava uma guerra comercial, principalmente contra a França.

Enquanto líderes cumprimentam Joe Biden, cidadãos europeus se mostram cautelosamente esperançosos com a nova gestão, de acordo com pesquisa do Conselho Europeu de Relações Exteriores, que entrevistou 15 mil europeus em 11 países. Mais de 60% afirmam que, após Trump, o sistema político americano está danificado, mas 49% acreditam que será possível curar as divisões internas (para 31%, a polarização continuará forte, e o restante não sabe).

Repercussão

“Felicito calorosamente Joe Biden por sua histórica posse como 46º presidente dos Estados Unidos e espero trabalhar de perto com a nova administração enquanto derrotamos a Covid-19 e nos recuperamos melhor da pandemia. Em nossa luta contra a Covid e através das mudanças climáticas, defesa, segurança e na promoção e defesa da democracia, nossos objetivos são os mesmos e nossas nações trabalharão de mãos dadas para alcançá-los. Estou ansioso para recebê-lo em Carbis Bay para o G7 e em Glasgow para a COP, enquanto unimos forças para proteger nosso planeta. Somente por meio da cooperação internacional podemos realmente superar os desafios comuns que enfrentamos.”
BORIS JOHNSON, primeiro-ministro do Reino Unido, em comunicado

“Temos muitas coisas em nossa lista de tarefas que gostaríamos de discutir com a próxima presidência do novo governo. Esperamos um debate construtivo para que possamos ficar alinhados.”
MARGRETHE VESTAGER, vice-presidente da Comissão Europeia para concorrência e política digital, em entrevista ao jornal Financial Times

“Vou trabalhar em estreita colaboração com o governo Biden, (…) um grande defensor do multilateralismo e de alianças internacionais.”
VALDIS DOMBROVSKIS, comissário de Comércio da União Europeia, em audiência no Parlamento Europeu

As informações são da Folhapress

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