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Mundo

China reduz casos de coronavírus com 11 hospitais temporários; Brasil não segue exemplo

Um dos fatores fundamentais para que houvesse o controle da epidemia no país asiático é a testagem em massa. O método não é adotado pelas autoridades brasileiras

Willian Matos

17/03/2020 14h35

Após as autoridades de Wuhan, na China, construírem 11 hospitais temporários para auxiliar o combate ao coronavírus, a cidade e o país já se veem municiados para enfrentar o surto.

Wuhan foi a cidade onde o coronavírus começou a se propagar, em dezembro de 2019. No dia 4 de março, o governo chinês confirmou a construção dos hospitais. As unidades foram instaladas em arenas esportivas e centros de exposições. No dia seguinte, os pacientes já começaram a ser atendidos.

Os 11 hospitais representaram mais de 10 mil leitos para atender os pacientes infectados pelo coronavírus. Não só os infectados, mas aqueles que apresentavam sintomas, e até quem não apresentava. O procedimento, chamado testagem em massa, é fundamental para controlar os casos de infecção pelo covid-19, dizem especialistas.

Autoridades chinesas destinaram diversos recursos para salvar a população da epidemia. Foto: AFP

Passos diferentes

A estratégia montada pela China e por outros países da Ásia, no entanto, não tem sido adotada pelo Brasil. Por ora, são poucos os estados que fazem medidas drásticas para isolar as pessoas, por exemplo. Também não há uma testagem maciça de casos — muitas pessoas sentem os sintomas, não procuram auxílio médico e seguem a rotina normal.

A postura preocupa ainda mais se lembrarmos de casos como Itália e Irã, países que demonstraram acomodação e não se deram conta da epidemia. O resultado? 358 mortes em um dia no país italiano.

O virologista do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Paolo Zanotto, corrobora a ideia de que as pessoas precisam se distanciar umas das outras e ser testadas em massa. “Um [fator] é o distanciamento social, independentemente de se atingir isso de maneira impositiva ou advinda do entendimento das pessoas. A segunda coisa é a testagem maciça. Isso evita que a transmissão escape do controle”, alega o médico, em entrevista ao jornal O Globo.

“Quando você tem um paciente que testou positivo, e todos os contatos dele são avaliados por PCR (diagnóstico genético), aqueles que foram positivos imediatamente são identificados, e assim vai se fazendo com os contatos dos contatos.”

A testagem em grande escala, embora seja recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não agrada o coordenador do centro de resposta ao coronavírus do Estado de São Paulo, o médico David Uip. Uip é contra a testagem em massa de pessoas sem sintomas.

A Sociedade Brasileira de Infectologia também é contra a testagem em massa, mas por outro motivo. O órgão vê o risco de esgotamento de insumos, porque os kits de diagnóstico são caros e escassos.

Por falar em caro, o coordenador Vigilância em Saúde da Fiocruz, Ricardo Venâncio, alerta para outro fator: a baixa renda de parte dos brasileiros. “Como recomendar uso de álcool gel para milhões de brasileiros que estão desempregados?”, também em entrevista ao O Globo.

Estes fatores precisam de atenção das autoridades de saúde do país. É preciso agir com rapidez, antes que os pouco mais de 300 casos de infectados pelo covid-19 no Brasil se multipliquem e, consequentemente, o número de mortes (hoje, apenas uma) venha a aumentar.

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