Com os videogames de hoje, é possível ser tudo o que se imagina – desde jogador de futebol até um soldado em missões de batalha. Mas que tal atirar e desarmar bombas, fora do seu quarto, trocando seu controle por um “marcador”, nome dado pelos jogadores de Paintball as suas armas?
Próximo ao Sobradinho II, um antigo matadouro desativado é o local onde a bolinha de tinta circula para todo lado. A modalidade é o R.A., ou “Real Action”, que simula combates reais.
“Os grupos precisam realizar tarefas como acabar com a turma adversária, desarmar bombas de tintas no perímetro, conquistar territórios procurando sempre estar próximo da realidade”, explicou Diego Costa, o “Bazuca”. No fim de semana, ele organizou, ao lado da Federação Esportiva de Paintball do DF (FEP-DF), o War Game 2013.
A similaridade com a vida real é realmente levada em conta. “Ao receber tiros de tinta nos membros, o jogador não pode utilizar o membro atingido. No perímetro da cabeça e peito, o jogador é eliminado”, explica Bazuca. No campeonato, jogadores de todo o Brasil se concentram para o fim de semana de soldado. Entre eles, está Joselito Batista, que há um ano não faz outra coisa nos fins de semana. “O administrador aqui do local me disse quando vim pela primeira vez: ‘Olha, paintball é igual a droga. Jogou uma vez, vicia’”, brincou.
Em prol da regulamentação
Reconhecido como esporte em diversos países, como Estados Unidos, Portugal, China e Austrália, o paintball não é tratado como tal no Brasil. Por pouco não teve sua atividade prejudicada aqui no Distrito Federal por conta da Lei de proibição da venda de armas de brinquedo. “A lei excluía tudo e fomos conversar com os responsáveis. Mostramos o que é o paintball, como funciona. E só conseguimos isso porque nos organizamos como federação”, explicou o diretor técnico da FEP-DF, Leandro Leoi.
A federação existe há três anos e durante este tempo tem entrado na luta junto com as outras federações do País para a regulamentação do esporte. O problema de sempre é por conta de o “marcador” ser uma réplica perfeita de armas de verdade. Em alguns casos são recolhidas em batidas policiais. “Nós tentamos ajudar de todas as maneiras e também informar aos jogadores. Explicamos a maneira correta de portar o marcador, os documentos necessários para, caso seja abordado, mostrar que é um jogador e como aquilo funciona”, diz Leandro.
Para o vice-presidente da FEP-DF, Luciano Affonso, regularizar o esporte seria benéfico para a sociedade. “Queremos separar o joio do trigo. Sabemos que existem pessoas na madrugada que saem atirando. Eles não são jogadores.”
Tropa em família
Comerciante no ramo de eventos e festas, Joselito Batista tem sua semana carregada de problemas para resolver. Nos fins de semana, é armado até os dentes que o empresário resolve descarregar a pressão da vida cotidiana. “Esse ramo chega a ser muito estressante, pois as pessoas confiam tudo que envolvem suas festas conosco. Então, por isso, venho para cá, jogo o fim de semana inteiro e me alivio”, conta.
Joselito faz parte do grupo Granada Paintball, do Gama, e começou a jogar há quase um ano, depois de o cunhado, também jogador, o convidar.
“Meu cunhado é atirador e sempre me chamava para praticar e eu nunca quis. Uma vez ele me convidou para o paintball, eu aceitei e não parei mais de jogar”, lembra o agora jogador assíduo da modalidade.
No sangue
Além de ser uma atividade relaxante para Joselito, o paintball serve como laço de união em sua família. “Meu menino é o jogador mais novo do nosso grupo. Ele, inclusive, começou a jogar antes de mim. Meu cunhado o levava sempre, e ele também foi responsável pela minha entrada nesse mundo.”
Saiba Mais
No paintball, existem três modalidades. O R.A. simula a realidade com missões de batalha e geralmente é realizado em campos como o do War Games 2013.
O Speedball é realizado em um campo com obstáculos e tem como objetivo tomar bandeiras e eliminar o máximo de adversários.
O Scenario é jogado em vários locais e o objetivo é liquidar os adversários.
Um marcador de pressão utilizado por jogadores de paintball custa em média R$ 800 a R$ 3 mil.
Durante as partidas de paintball e enquanto estiver na área de combate, o jogador deve estar sempre com sua máscara de proteção.
Para mais segurança, os marcadores são sempre calibrados antes da partida. Isso serve para o tiro não doer mais do que o permitido.