Revoltados com a contratação de médicos estrangeiros por parte do governo federal, alguns profissionais de saúde brasileiros hostilizaram os novos colegas. Os integrantes cubanos do programa “Mais Médicos” foram alvo de insultos e preconceito desde que desembarcaram no país que receberá a próxima edição dos Jogos Olímpicos e aposta na mão de obra importada para ter sucesso.
De acordo com dados fornecidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) à Gazeta Esportiva, atualmente 41 técnicos estrangeiros de 21 nacionalidades prestam serviço às suas filiadas. Com seis profissionais em atividade no País, Cuba é a principal fornecedora de know-how, superando os quatro ucranianos e italianos.
Como sede dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro-2016, o COB espera alcançar um lugar no top 10 da classificação geral por número de medalhas. Para atingir a meta, a entidade estima terminar no pódio em pelo menos 13 modalidades, quatro a mais que em Londres. Neste contexto, o trabalho de especialistas estrangeiros em esportes que o Brasil não tem tradição torna-se indispensável.
“A participação de treinadores qualificados no processo de preparação de atletas e equipes é condição básica e fundamental para o sucesso em competições como Olimpíadas, Pan-americanos e Mundiais. Todos esses profissionais (estrangeiros) são contratados pelo expertise em suas respectivas modalidades e pela contribuição que podem dar para o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro”, diz Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de esportes do COB.
No primeiro ano do ciclo olímpico dos Jogos do Rio de Janeiro-2016, os cubanos Justo Navarro e Julian Silva atuam no atletismo, enquanto Pedro Garcia e Angel Torres prestam serviço na luta olímpica e Pablo Cuesta e Bárbaro Diaz trabalham com polo aquático. A tendência é que o número de profissionais caribenhos no Brasil aumente nas próximas temporadas.
Com investimento maciço no esporte, Fidel Castro fez a pequena ilha rivalizar com as potências olímpicas no auge de seu governo. Fragilizada economicamente, Cuba perdeu força, mas ainda assim superou o Brasil no quadro de medalhas dos Jogos de Londres-2012, já que conquistou cinco ouros (16º lugar) contra apenas três (22º) da próxima sede do evento.
No último mês de fevereiro, Aldo Rebelo (PC do B), ministro do esporte, visitou Cuba para estabelecer um acordo de intercâmbio com o país. A ideia é aproveitar o conhecimento dos caribenhos em modalidades como atletismo e boxe e oferecer know-how em disciplinas dominadas pelo Brasil, a exemplo do futebol. O acordo ainda prevê a troca de experiência nas áreas de educação física e esporte escolar.
“O intercâmbio está relacionado com a preparação para os Jogos Olímpicos. O Brasil acha que pode aproveitar o que Cuba tem de melhor em algumas modalidades e vice-versa. Queremos ficar entre os 10 primeiros em 2016 e um detalhe pode definir se um atleta ganha medalha ou termina em quinto. Vamos proporcionar aos nossos competidores as melhores condições na briga pelo pódio”, disse Aldo Rebelo.
Olimpíadas de 2016
Revoltados com a contratação de médicos estrangeiros por parte do governo federal, alguns profissionais de saúde brasileiros hostilizaram os novos colegas. Os integrantes cubanos do programa “Mais Médicos” foram alvo de insultos e preconceito desde que desembarcaram no país que receberá a próxima edição dos Jogos Olímpicos e aposta na mão de obra importada para ter sucesso.
De acordo com dados fornecidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) à Gazeta Esportiva, atualmente 41 técnicos estrangeiros de 21 nacionalidades prestam serviço às suas filiadas. Com seis profissionais em atividade no País, Cuba é a principal fornecedora de know-how, superando os quatro ucranianos e italianos.
Como sede dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro-2016, o COB espera alcançar um lugar no top 10 da classificação geral por número de medalhas. Para atingir a meta, a entidade estima terminar no pódio em pelo menos 13 modalidades, quatro a mais que em Londres. Neste contexto, o trabalho de especialistas estrangeiros em esportes que o Brasil não tem tradição torna-se indispensável.
“A participação de treinadores qualificados no processo de preparação de atletas e equipes é condição básica e fundamental para o sucesso em competições como Olimpíadas, Pan-americanos e Mundiais. Todos esses profissionais (estrangeiros) são contratados pelo expertise em suas respectivas modalidades e pela contribuição que podem dar para o desenvolvimento do esporte olímpico brasileiro”, diz Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de esportes do COB.
No primeiro ano do ciclo olímpico dos Jogos do Rio de Janeiro-2016, os cubanos Justo Navarro e Julian Silva atuam no atletismo, enquanto Pedro Garcia e Angel Torres prestam serviço na luta olímpica e Pablo Cuesta e Bárbaro Diaz trabalham com polo aquático. A tendência é que o número de profissionais caribenhos no Brasil aumente nas próximas temporadas.
Com investimento maciço no esporte, Fidel Castro fez a pequena ilha rivalizar com as potências olímpicas no auge de seu governo. Fragilizada economicamente, Cuba perdeu força, mas ainda assim superou o Brasil no quadro de medalhas dos Jogos de Londres-2012, já que conquistou cinco ouros (16º lugar) contra apenas três (22º) da próxima sede do evento.
No último mês de fevereiro, Aldo Rebelo (PC do B), ministro do esporte, visitou Cuba para estabelecer um acordo de intercâmbio com o país. A ideia é aproveitar o conhecimento dos caribenhos em modalidades como atletismo e boxe e oferecer know-how em disciplinas dominadas pelo Brasil, a exemplo do futebol. O acordo ainda prevê a troca de experiência nas áreas de educação física e esporte escolar.
“O intercâmbio está relacionado com a preparação para os Jogos Olímpicos. O Brasil acha que pode aproveitar o que Cuba tem de melhor em algumas modalidades e vice-versa. Queremos ficar entre os 10 primeiros em 2016 e um detalhe pode definir se um atleta ganha medalha ou termina em quinto. Vamos proporcionar aos nossos competidores as melhores condições na briga pelo pódio”, disse Aldo Rebelo.
Alexandre Padilha, ministro da saúde, concede entrevista com Márcia Cobas, vice-ministra de saúde cubana
A Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) é um exemplo do investimento em mão de obra cubana. Com três medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, a modalidade foi superada apenas pelo judô e pelo vôlei (um pódio a mais). Os bronzes de Adriana Araújo e Yamaguchi Falcão e a prata de Esquiva acabaram com um jejum de 44 anos do País no esporte.
Nascido na cidade de Camaguey, no centro-oeste de Cuba, Otílio Olivé Toledo trabalha na CBBoxe desde 2000 e atualmente ocupa o cargo de diretor técnico. A entidade ainda conta com os treinadores João Carlos Soares Gomes de Barros, de Guiné-Bissau, e Abel Bokovo, do Benim, dois profissionais de origem africana que passaram por formação esportiva na ilha caribenha.
“Acho que é uma prova de reconhecimento e confiança no trabalho dos cubanos. O Brasil precisa de técnicos estrangeiros em alguns esportes, não apenas de cubanos. Cada modalidade tem seus especialistas. Para ser técnico de luta greco-romana, por exemplo, poderia ser um russo. A troca de conhecimento é muito boa para o esporte olímpico”, disse Toledo, sentado no ringue em que seus atletas se preparam para 2016.
A “Cubadeportes” é a entidade com os direitos exclusivos para comercializar os produtos e serviços relacionados ao esporte cubano. Assim como os médicos, os profissionais exportados têm parte de seus salários revertida ao governo.
“O nível alcançado pelo esporte cubano no âmbito internacional nos permite oferecer assistência técnica qualificada em mais de 40 especialidades”, diz o site oficial da Cubadeportes, que lista até o xadrez dentre as modalidades.
A entidade estatal informa que já mandou mais de 7 mil profissionais cubanos ligados ao esporte para contribuir com o desenvolvimento de suas respectivas modalidades em mais de 50 países.
O atual diretor técnico da CBboxe teve seu primeiro contato com a modalidade aos 10 anos e lutou até os 19. Formado em educação física, passou a atuar como professor e chegou ao Brasil através de um convênio com uma rede de academias de ginástica para dar aulas de boxe recreativo. Hoje naturalizado, ele passou a viver no País de maneira definitiva em 2000 e diz nunca ter sido hostilizado abertamente por seus pares.
“Se alguém me ofendeu alguma vez por ser cubano, foi pelas costas. Jamais escutei ou percebi algo nesse sentido. Sempre falei que minha missão aqui é proporcionar todos os meus conhecimentos ao boxe brasileiro. Quando subi num ônibus pela primeira vez no Brasil, parecia que estava na minha cidade. Consegui me adaptar muito bem. A forma de trabalhar, pensar e agir de brasileiros e cubanos é bem parecida”, disse.
Recepcionados de maneira pouco amigável por alguns de seus novos colegas brasileiros, os médicos cubanos contratados pelo governo federal lutarão nos próximos anos para contar com a mesma aceitação encontrada por Otílio Olivé Toledo. Otimista, o diretor técnico da CBBoxe aposta no sucesso de seus compatriotas no país que o acolheu.
“Imagine vários técnicos brasileiros de futebol sendo maltratados em Cuba. Seria uma atitude desagradável. O intercâmbio é sempre importante, seja no esporte, na educação ou na saúde. Cuba é famosa por sua medicina preventiva. Lá também não há recursos, mas as pessoas são atendidas. Já vi lugares aqui em que não há médicos para atender alguém com dor de cabeça, por exemplo. Cada um tem sua forma de pensar e eu acredito que vai ser uma boa colaboração para o Brasil”, declarou.