Convocada de maneira surpreendente pelo técnico José Roberto Guimarães, Fernandinha participou do título olímpico conquistado pela Seleção Brasileira em Londres-2012. Aos 33 anos, a levantadora do recém-criado Barueri evita pensar em um possível retorno ao time nacional, campeão do Grand Prix no último domingo. Pelo menos por enquanto.
“Passei tanto tempo fora do país, tanto tempo longe dos meus amigos, que estou precisando criar raízes, ficar mais próxima das pessoas. Consegui o título que mais almejava na carreira e hoje não consigo dizer que gostaria de voltar à Seleção. Hoje, não quero. Preciso ficar mais tranquila e dar mais atenção às pessoas da minha vida. Continuo vivendo minha carreira, mas não posso abandonar mais o lado pessoal”, disse.
Fernandinha passou cinco anos no exterior. Depois de atuar na Itália, estava no Azerbaijão no momento em que recebeu seu primeiro chamado para defender o Brasil, já no Grand Prix-2012. Convocada por Zé Roberto para os Jogos Olímpicos, ela trabalhou ao lado do treinador no Campinas ao longo da última temporada, mas diz não ter conversado sobre Seleção.
“Se ele me convocar, eu vou”, afirmou Fernandinha, sorrindo. “Na verdade, nesse primeiro ano de ciclo, para mim seria difícil. Se ele tivesse me convocado, não teria conseguido ir. Eu tinha muitas coisas pessoais a serem resolvidas para estabilizar um pouco. Passei um ano muito complicado: Itália, Azerbaijão, Seleção, Campinas. Foi uma loucura. Positiva, mas uma loucura”, disse.
Desde que Fofão resolveu deixar a Seleção após o ouro olímpico em Pequim-2008, Zé Roberto manifestou abertamente sua preocupação com a posição de levantadora. Fabíola e Dani Lins atuaram durante a maior parte do ciclo, mas a primeira acabou preterida por Fernandinha. A jogadora admite que foi delicado entrar em um grupo praticamente fechado e, pouco mais de um ano depois, ainda saboreia a conquista.
“Ser campeã olímpica é inexplicável, ainda mais da forma que conseguimos. Só quem viveu pode entender o tamanho da emoção e o que realmente significa. Nunca vou esquecer o choro da Jaque depois da derrota contra a Coreia do Sul. Ela disse que não estava chorando de tristeza, mas sim pela convicção de que ganharíamos no final. A vitória contra a Rússia também foi especial”, recordou.
Fabíola, dispensada na reta final da preparação para os Jogos Olímpicos-2012, voltou a defender a Seleção Brasileira no Grand Prix-2013, mas pediu dispensa por motivos particulares antes da fase final, em que Zé Roberto apostou em Dani Lins e Claudinha. Com as atenções voltadas a seu clube, Fernandinha nega qualquer tipo de mal-estar por não ter sido lembrada.
“Acho que o Zé Roberto viu que tive um ano sacrificante. Saí do Azerbaijão e fui direto para a Seleção. Depois, direto para o Campinas. Tudo sem descanso. Paulista, Superliga. Meu corpo sentiu. Com a experiência que possui, tenho certeza que ele enxergou isso e percebeu que a última temporada foi sofrida para mim, para o meu corpo. Mentalmente, a gente consegue superar. Mas fisicamente, não tem jeito”, disse.
Aos 33 anos, Fernandinha se prepara para disputar a Superliga e o Campeonato Paulista pelo Barueri sob o comando do técnico Maurício Thomas depois de uma mal sucedida tentativa de se montar uma equipe em Jacareí. Embora não trate a Seleção como prioridade no momento, a experiente levantadora, sem planos de se aposentar, também não descarta a possibilidade de participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016.
“Há três anos que estou pensando: ‘esse é o último da minha carreira’. É um assunto muito difícil. Enquanto sentir que estou ajudando, acho que vou querer continuar. Eu gosto de viver um dia de cada vez. O que tiver que ser, será. Se for para estar lá (na Seleção) de novo, vou estar. Deus sempre dá um jeito de colocar as coisas do jeito que devem ser. Acordo cedo todos os dias e dou meu máximo. O que é do homem, o bicho não come”, disse.