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Os melhores anos da capital

Arquivo Geral

20/10/2013 9h35

Diferentemente das décadas anteriores,  os anos 2000  fortaleceram o basquete em Brasília. A modalidade, que antes era movida principalmente pela paixão, teve o acréscimo de  patrocinadores e maiores recursos financeiros. Antes de se tornar UniCeub, a equipe representante do DF no Novo Basquete Brasil (NBB) carregava o nome da Universidade Salgado de Oliveira (Universo), hoje patrocinadora do time de Goiânia. Ao lado de duas instituições financeiras, as universidades foram responsáveis por injetar dinheiro e acreditar no esporte.   

 

Formado pela mesma base de jogadores da atualidade – Alex, Nezinho, Giovannoni e Arthur -, o Universo carrega em seu currículo o feito de primeiro clube brasileiro campeão da Liga das Américas, em 2009. Naquele ano, o ala Alex foi premiado como melhor jogador do torneio. 

 

O  início

 

Assim como outros grandes nomes do esporte na capital, os brasilienses Arthur e Rossi iniciaram suas carreiras no tradicional Clube Vizinhança, na 308 Sul. Como a  cidade ainda não tinha uma equipe adulta para disputar campeonatos nacionais, a  opção que a dupla encontrou foi de aventurar-se em outros estados.

 

Assim que o Universo foi criado, os atletas foram convidados para formar o plantel e não pensaram duas vezes antes de aceitar o convite. “Foi muito legal voltar e sentir o carinho do público que a cada ano só aumenta”, destaca Arthur.

 

“Foi a oportunidade que tive de voltar pra minha cidade e mostrar o que mais amo  fazer na vida, além de ter sido um desafio em provar que sou capaz”, valoriza Rossi. 

 

A missão

 

Com o grupo formado, os dirigentes se viram diante de um impasse: mostrar que Brasília possuía um time competitivo.  “Foi um desafio mostrar à cidade e aos torcedores que tínhamos um time forte com grandes chances de virar uma potência”, lembra Arthur.

 

Brasília e os recordes de público

 

O UniCeub é detentor do maior público registrado em uma partida de basquete  no País:  24.286 torcedores testemunharam a  vitória de 101 x 76, contra o Flamengo, em 1º de maio de 2007, no Ginásio Nilson Nelson. 

 

O recorde do NBB também é da equipe candanga. No jogo em que venceu Franca, por 77 x 68, e se sagrou campeão do NBB 2010/2011, o time colocou 18 mil pessoas  no Nilson Nelson, superando a capacidade máxima da arena que foi reformada para receber o Campeonato Mundial de Futsal da FIFA,  em 2008. Os ingressos para aquele  confronto se esgotaram em menos de 24 horas.

 

Hoje, o UniCeub é a segunda equipe há mais temporadas consecutivas na elite do basquetebol brasileiro. O time  disputou todas as edições do principal campeonato nacional da modalidade desde 2004 – as cinco  do Campeonato Brasileiro de Basquete Masculino e outras cinco  do NBB. 

 

Ciente da repercussão que sua permanência no time pode proporcionar, Arthur confessa o desejo de não  sair de Brasília. “Quero ficar enquanto eu puder e a aposentadoria não me causa medo algum”, confessa o jogador, que planeja “pendurar as chuteiras”  daqui a seis  anos.

 

A eterna gratidão de Lula Ferreira

 

Quarto técnico a comandar a equipe candanga e atualmente no Franca (SP), Lula Ferreira  lembra com carinho dos 30 meses que passou em Brasília – entre janeiro de 2008 e junho de 2010 -, quando o Universo dava seus primeiros passos.

 

“Quando recebi o convite foi um misto orgulho e responsabilidade. O time era novo, mas tinha em seu elenco jogadores muito fortes e consagrados na modalidade.”

 

No período em que liderou o elenco, Lula colocou no currículo do time várias conquistas, não só em títulos, mas na consolidação de um novo time do Distrito Federal.

 

“Fiquei muito satisfeito em ter conquistado a Liga das Américas, em 2009, no México, e depois o Campeonato Brasileiro, em 2010. Com isso,  consegui realizar a tarefa de dignificar a história de um time vencedor, com o apoio da torcida, que adora aqueles atletas”, elogia o ex-comandante.

 

O carinho alimentado pela equipe brasiliense é tão grande que ele confessa que não pensaria duas vezes se fosse novamente chamado para treinar o clube da capital. “Qual é o técnico brasileiro que não se sentiria honrado em estar à frente de um time como aquele? (risos). Brasília é um lugar que me deixou lembranças ótimas.  Isso é tão verdade que recebo o carinho dos dirigentes e jogadores todas as vezes que passo por aí”, conta o técnico do Franca.

 

Segundo ele, a admiração  é algo que se faz presente toda vez que retorna à capital. “Mesmo quando vou jogar contra o time, vários torcedores me puxam para conversar e relembrar o passado”, conclui. (K.M.O.)

 

Receosos com o futuro

 

Após a primeira conquista do UniCeub no NBB, em 2010, o Universo decidiu não patrocinar mais o elenco brasiliense – Instituto Viver Basquetebol. Ainda que o  ex-técnico José Carlos Vidal, hoje diretor do clube, tentasse acalmar o grupo, o elenco se mostrou receoso com o futuro.  

 

“Lembro que fiquei um pouco angustiado em não saber o nosso futuro. Ficamos um pouco ansiosos. Depois, o UniCeub abraçou o projeto de uma forma incrível e aí, bom, os resultados falam por si só”, gaba-se o ala brasiliense Rossi.

 

Arthur, por outro lado, disse não ter sentido medo. O atleta apenas confiou nas palavras de José Vidal e seguiu com o sonho de permanecer em Brasília. 

 

“A transição foi tranquila e o Vidal nos acalmou falando que tudo ia dar certo. Quando o UniCeub veio, A gente vestiu a camisa de novo e a história se resumo ao que conhecemos hoje”, diz. 

 

Ele conta que o receio numa possível falência da equipe está longe de acontecer. “O time consolidou e o medo de tudo acabar já passou”, confia. 

 

Capital também terá time feminino


Além dos inúmeros títulos do UniCeub,  os brasilienses também podem comemorar a formação de uma equipe para a disputa da  Liga de Basquete Feminina (LBF). O Brasília/CSUV-1 será um dos oito participantes na temporada 2013/2014.

 

Engajada no projeto, a coordenadora Renata Ribeiro corre contra o tempo para escolher o técnico e fechar o quadro de jogadoras, definição que deve ocorrer na próxima semana.

 

Enquanto a equipe se prepara, os atletas do masculino comemoram a novidade. “A LBF é uma competição forte e muito bem organizada. Esse novo time será um incentivo ainda maior para as meninas de Brasília, não só as que já estão jogando, como aquelas que pretendem iniciar no esporte”, comemora Arthur.

 

Além de ressaltar a importância do Brasília/CSUV-1, Arthur garante que vai marcar presença nos jogos no Vizinhança. “Se o calendário permitir, estarei no ginásio para acompanhar os jogos. Vou torcer para que seja uma equipe bem estruturada”, deseja.

 

Estrutura veio só com o tempo

O UniCeub dispõe de dois ginásio para mandar os confrontos: o da Asceb, na 904 sul, e o Nilson Nelson, no Complexo Ayrton Senna. Mesmo com o glamour adquirido ao longo de anos de trabalho e conquistas, Arthur conta que nem sempre a situação foi assim.

 

“Quando o time era o Universo , tudo era muito diferente de hoje. A estrutura engatinhava ao lado das demais. Tudo era bem pior, mas como na vida as coisas evoluem, isso serviu de lição para o nosso crescimento”, conta o ala. 

 

O Universo já treinava em seu atual ginásio (Asceb). Hoje, porém, o local foi modificado para receber o elenco, bem como o piso adequado para a prática da modalidade e a personalização do vestiário exclusivo para o UniCeub.

 

EVOLUÇÃO


Sem mencionar as dificuldades enfrentadas quando tudo era novo na capital, o ex-técnico Lula Ferreira destaca que todo começo é difícil. Segundo ele, o Universo contava com um elenco de peso que fez toda a diferença.

 

“Quando assinei o contrato (em 2008), o time já era forte e se destacou a partir de 2006, sendo que em 2010 foi a sua grande consagração. Não é fácil atrair para um centro onde não tem uma grande tradição, como é Brasília, algo de  tão alto nível. Tudo são conquistas”, explica Lula.

 

APOIO

 

Ao longo das cinco matérias comemorativas dos 50 anos do basquete no DF, o Jornal de Brasília contou com o apoio do Projeto Registro Histórico do Basquetebol de Brasília—RHBB.

 
 

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