
Um dos grande nomes do basquete brasiliense e responsável por revelar outros destaques da modalidade, como Oscar Schmidt, José Vidal e Ronaldo Pacheco – Laurindo Miura, no auge dos seus 61 anos e com várias limitações, continua repassando seus conhecimentos no esporte da bola laranja.
Tendo os próprios atletas do UniCeub como alunos, Miura já auxiliou o Vidal, quando era o comandante da equipe e hoje ajuda o técnico Ronaldo Pacheco nos treinos do sub-22. O segredo para ser tão requisitado vem de muitos anos de experiências adquiridas quando comandava o time do Vizinhança.
Segundo o próprio Vidal, atual diretor do clube, as técnicas usadas por Miura são únicas para o desenvolvimento do time. “Assim que assumi o comando do UniCeub (2007), fiz a proposta para que me auxiliasse e ele topou. O trabalho que o Miura faz é diferenciado de todos os outros que já vi no Brasil. Ele trabalha a capacidade cognitiva do conjunto, contra-ataque, velocidade além de focar o treino em cada fundamento”, elogia Vidal.
Treino específico
A função de Miura é acompanhar a coordenação dos jogadores, com treinos desenvolvidos por ele mesmo. As movimentações criam situações de jogo diferentes para os defensores. Além disso, ele trabalha situações como reposição de bola e fundamentos, sempre com algum jogador tentando dificultar os passos daquele que tentar finalizar as jogadas. Entre outras diversas atividades do tipo, que fogem ao cotidiano dos treinos. “É difícil falar de um algo que você desenvolve. Mas, se o Vidal diz que é bom, então é bom”, brinca.
De acordo com o próprio Oscar, em sua despedida na capital federal, em 2004, Miura o ajudou a ganhar coordenação motora com seus treinos diferentes. Miura, por sua vez, confessou que o “mão santa”, era um desengonçado e tinha apenas a altura a seu favor. “Ele chegou no Vizinhança com 13 anos e só tinha altura, porque o resto não sabia de nada. Então o trabalho que eu tive foi dar coordenação a ele”.
Ignorando as limitações para ensinar
Em 1981, Miura sofreu um acidente de carro que o deixou dependente da cadeira de rodas. Mesmo com este empecilho, o descendente de japoneses não largou o esporte. Hoje, já habituado com as suas limitações, Miura conta que às vezes precisa da ajuda dos jogadores para explicar o exercício a ser proposto.
“É difícil para mostrar algumas posições técnicas, mas aí puxo um jogador e mostro da maneira que dá. A cadeira me impede de fazer muitas coisas, mas para dar o treino é tranquilo”, explica .
Para ir aos treinos do sub-22, uma vez por semana, o ex-técnico conta com a ajuda da empresa de um amigo. O carro, adaptado para cadeirantes, é a sua principal condução para levá-lo ao ginásio da Asceb (904 sul). “Ele vem, me busca e me traz de volta para casa. Como os treinos do Ronaldo são à tarde, tudo fica mais fácil”, explica Miura.
Elogios
Ex-técnico dos homens que comandam o time de base e o adulto do UniCeub – José Carlos Vidal e Ronaldo Pacheco -, Miura destaca as qualidades dos dois quando eram bebês no basquete. “O Vidal na época já demonstrava muita liderança. Ele gostava muito de treinar e era obediente, assim como a maioria deles”, destaca o professor.
Ronaldo aderiu o esporte na mesma época que Oscar Schmidt. Assim como Vidal, ele mostrava disciplina. “Era tranquilo de lidar. Ronaldo ama o que faz”, frisa.