O resultado aumentou sua expectativa para esta terça-feira, dia em que as últimas concorrentes fariam suas apresentações. Após o fim da rodada, Daiane foi superada por outras adversárias, fechou a fase de classificação em sétimo (empatada com a romena Sandra Raluca), mas garantiu vaga na final do aparelho.
E mesmo com o “sufoco”, ela mostrou estar tranqüila, não se disse decepcionada e garantiu já ter cumprido a meta inicial: ajudar o Brasil a se classificar para o Pré-olímpico do próximo ano. “Meu objetivo era competir bem e acho que já fiz isso. Agora, em relação a medalhas, isso depende muito de mim. Se acontecer de outras serem melhores que eu, não posso fazer nada”, resumiu.
Campeã mundial no solo em 2003, Daiane não voltou a ter os mesmos resultados nas competições mais importantes que se seguiram, como as Olimpíadas de Atenas-2004 e o Mundial do ano passado, na Austrália, e agora luta para encerrar a falta de boas campanhas. E para isso, a experiente ginasta já sabe o que precisa fazer.
“A primeira série foi normal, acho que fiz minha parte. Agora tenho que cuidar para não cometer os pequenos errinhos”, explicou ela, que também apontou a mudança de pontuação na ginástica como motivo para a queda. “Acho que os juízes estão mais rigorosos neste primeiro mundial com o código novo. E os pequenos erros aumentam as diferenças entre a gente”.
Na final do solo, Daiane terá companhia de outra brasileira, Laís Souza, que confirmou as apostas e obteve ótima classificação geral e vaga em outras duas finais (individual por aparelhos e salto). Em sua primeira aparição no Mundial, já que perdeu o do ano passado por estar contundida, Laís recebeu elogios da companheira.
“Nada mais justo que ela passar para essas finais”, disse Daiane. “Ela vem crescendo e tem amadurecido bastante. Faltava aprender a controlar as emoções e isso só se ganha com essas participações”, concluiu a ginasta, que em Aarhus divide o quarto exatamente com Laís, sua “rival” em busca de medalha no sábado.
Dirigente espera melhoras
A coordenadora da seleção brasileira de ginástica, Eliane Martins, acompanhou de perto a atuação das meninas na Dinamarca e fez balanço positivo dos resultados obtidos até agora. “Não esperava tudo isso antes do Mundial. O que aconteceu aqui nos deixou motivado”, disse a dirigente.
Martins apontou o nervosismo das ginastas por terem se apresentado logo no início da competição e garantiu que o tempo de descanso e adaptação fará bem a elas. Sobre a final do solo, aposta em evolução tanto de Laís quanto de Daiane e garante que não se surpreenderá se elas trouxerem medalhas para o Brasil.
“A Laís não foi surpresa. Este resultado é expressivo e só mostra sua evolução. Na final, os critérios são os mesmos e as chances aumentam. A Daiane cometeu erros bobos nas acrobacias e pode corrigir tudo isso”, garantiu. “O primeiro dia é o mais tenso de todos, se você cometer erros fica fora da decisão. Tenho certeza que elas terão boa atuação”, completou. Martins também comemorou a sétima classificação geral – e a conquista da vaga nas finais, a partir desta quarta-feira – e fez análise promissora para o futuro.
“Não foi só o fato das finais, mas mostramos capacidade. A gente deixou de ser um país de um atleta só e tanto”, explicou Martins, lembrando das boas atuações de Bruna Costa e Juliana Santos, novatas em Mundiais. Daiane espera ainda mais depois das boas apresentações. “Já era importante ficar entre os 24 e conseguimos entre os oito melhores. Agora vamos ver até onde podemos chegar. Já foi bem bacana. Todas competiram muito bem”, finalizou a gaúcha.