Responsável por matar 300 mil pessoas por ano no Brasil, a Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca (Sobrac) volta os olhares da população que busca do “corpo perfeito” nas academias para os problemas do coração.
De acordo com o cardiologista da clínica Incor, José Sobral, 30% dos problemas cardíacos são silenciosos e não apresentam sintoma algum até que se inicie a atividade física, sem um acompanhamento prévio.
“O objetivo da campanha, promovida anualmente em todo o Brasil, é alertar à população para que realize exames cardiológicos, antes de iniciar qualquer programa de atividade, principalmente se estiver acima dos 30 anos. Existe muita gente que se expõe a este risco e aumenta a probabilidade de sofrer morte súbita”, conta o médico há 35 anos no mercado.
Casos distintos
Sobral ainda divide a sociedade em dois grandes grupos. No primeiro, estão aqueles abaixo dos 35 anos que têm defeitos genéticos e congênitos de má formação. Visivelmente são saudáveis e não sabem da probabilidade de sofrer o ataque. Quando vão praticar atividades físicas sem o exame, no entanto, sofrem a morte súbita.
No segundo grupo estão os acima dos 35 anos que, pela idade, sofrem problemas acarretados pela causa degenerativa: hipertensão, diabetes e infarto. “O que queremos é alertar a população sobre os cuidados necessários. Queremos que a pessoa se cuide, se previna, pratique atividades físicas sem exageros e saiba os seus limites sem ultrapassá-los”, adverte Sobral.
O paradoxo
Especialista em casos do coração, Sobral critica o paradoxo brasileiro em buscar um corpo bem torneado. De acordo com ele, as pessoas que exibem músculos malhados e exuberantes acreditam estar saudáveis, o que não corresponde à realidade. “Com o intuito de ficarem bonitos, eles não percebem o outro lado da moeda, que é a saúde do mundo real e a preocupação em se examinar antes de iniciar na academia”, dispara o profissional.
Saiba mais
Pela vasta experiência que tem no acompanhamento dos “marombados”, Sobral conta uma de suas experiência. “Se você diz que eles devem interromper a rotina de malhação e não o fazer da maneira que vem fazendo, eles não aceitam, não querem saber e nem enfrentar. O único intuito é mostrar o corpo, principalmente entre os jovens”, conta. “O problema maior é a pessoa não saber que tem problemas e se expor a eles”, conclui o cardiologista.