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Hélio Doyle

Potencial turístico muito mal aproveitado

Arquivo Geral

08/06/2016 7h00

Josemar Gonçalves

Quando alguém convida um parente ou amigo para passar uns dias em sua casa, a primeira providência é, geralmente, arrumar a casa. Se você gosta dos visitantes, é importante recebê-los bem, agradá-los e animá-los a voltar.

Uma casa desarrumada, sem as comodidades básicas para quem a visita, com pessoas que o tratam mal, comida ruim e coisas assim fazem o hóspede querer ir embora logo e jamais voltar.

Simples e óbvio, claro. Qual a dificuldade, então, para que isso entre na cabeça dos responsáveis, públicos e privados, pelo desenvolvimento da atividade turística em Brasília?

Busca-se uma resposta.

Mané é exemplo de incompetência

Brasília é a casa desarrumada que recebe muito mal os visitantes. O enorme potencial turístico que a cidade tem é inversamente proporcional ao tratamento que dá aos turistas. Potencial desperdiçado e que poderia estar contribuindo para aumentar a renda, a arrecadação e os empregos na cidade.

Os problemas que acontecem no Mané Garrincha a cada jogo ou espetáculo, e que não se limitam à segurança, são uma boa demonstração disso. Um grande estádio, até grande demais, que recebe mal os espectadores.

A incompetência é grande. Muitos, por isso, não voltam.

Pensar pequeno não leva longe

O turismo em Brasília tem sido tratado com visão estreita e limitada tanto pelas autoridades públicas como pelo setor privado. Não se pensa grande, em um plano estratégico que faça da capital federal, em determinado prazo, uma potência turística no país.

Pensa-se pequeno: como aumentar a lotação dos hoteis nos fins de semana, como incrementar os lucros de bares e restaurantes, como obter dividendos políticos e vantagens comerciais com eventos públicos, como atrair um congresso para o centro de convenções.
Cada segmento olha para si próprio e para o benefício imediato, e ninguém olha para o conjunto e para o futuro.

Gostar, recomendare querer voltar

Trazer turistas a Brasília é muito bom. Mas de nada adianta trazer visitantes que não recebem boa informação turística, que se sentem isolados em degradados e isolados setores hoteleiros – e que acabam nos shoppings ao lado como única opção –, que não sabem como se locomover na cidade, que pegam táxis com motoristas despreparados, que são mal atendidos em bares e restaurantes.

Os que nos visitam encontram monumentos malcuidados, muitas vezes prédios fechados, como o Teatro Nacional, ou com visitas limitadas. O ônibus de dois andares que circula pelos locais turísticos deve ser o pior de todo o mundo. Turista tem de gostar, recomendar e querer voltar. Do jeito que está, não vai gostar, nem recomendar ou querer voltar.

Faltam planejamento e visão de futuro

Não tem sentido prático, assim, dar prioridade no momento a ações de marketing para atrair turistas. Não se trata de fechar as portas aos visitantes, naturalmente. Mas de estabelecer como prioridade a elaboração de um plano estratégico que englobe todas as medidas e ações necessárias para fazer de Brasília uma cidade realmente turística.
Essas ações envolvem praticamente todas as áreas do governo: fazenda, cultura, esportes, mobilidade, obras, infraestrutura, desenvolvimento urbano, segurança, saúde, educação, inovação tecnológica, meio ambiente…

E envolvem também todos os segmentos da economia local que se beneficiam da atividade turística, dos táxis aos hoteis. O turismo mobiliza uma enorme cadeia produtiva e tem uma grande vantagem sobre outros investimentos, quando bem trabalhado: o retorno é mais rápido.

Com disposição política e mão na massa, Brasília poderia ser uma cidade turística, na acepção plena, em cinco ou seis anos.
Do jeito que vai, não será tão cedo.

Mais do que eventos

Em suma, o turismo em Brasília não pode se limitar a promover e patrocinar eventos, lotar eventualmente os quartos de hoteis e fazer festivais de culinária.
E não adiantam medidas pontuais, ainda mais em época de carência de recursos e dificuldades para fazer investimentos públicos e privados.
É preciso pensar grande, e olhar para a frente.

Pecúnia é assalto aos cofres públicos

Servidores públicos que se consideram de esquerda defendem ardentemente a licença-prêmio e o pagamento em dinheiro quando ela não for gozada. Dizem que é um direito dos trabalhadores e uma compensação, ao se aposentarem, pelos anos trabalhados. A licença-prêmio, na verdade, é um privilégio de servidores públicos que já têm inúmeros outros em relação aos trabalhadores em empresas privadas. Entre as quais a estabilidade e a aposentadoria integral. O pagamento em dinheiro, em valores que chegam a R$ 300 mil e até mais, é mais que um privilégio. É um assalto aos cofres públicos, a apropriação privada de dinheiro que deveria beneficiar os setores mais pobres da população, os que mais precisam do Estado. Defender isso nada tem de esquerda.

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